A Polícia Civil do Amazonas divulgou nesta sexta-feira (31) que a família de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, estava à frente de uma seita religiosa denominada “Pai, Mãe, Vida”. De acordo com as investigações, essa organização prometia aos seguidores a transcendência para outra dimensão e a salvação em um plano superior.
Djidja Cardoso, também conhecida como Dilemar Cardoso Carlos da Silva, faleceu aos 32 anos em sua residência no bairro Cidade Nova, em Manaus, na última terça-feira (28).
Segundo informações da CNN, as investigações sobre a existência da seita e a prática de crimes tiveram início há 40 dias, antes da morte de Djidja. Durante esse período, descobriu-se que o grupo obtinha a droga ketamina em uma clínica veterinária, sem receita ou controle, e a distribuía entre os funcionários de uma rede de salões de beleza.
O delegado Cícero Túlio, titular do 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP), revelou que duas pessoas foram mantidas em cárcere privado, nuas e sem higiene, por vários dias no contexto das atividades da seita. Como resultado desses atos, uma das vítimas, que estava grávida, sofreu um aborto.
Durante as investigações, identificou-se Ademar Farias Cardoso Neto, de 29 anos, e sua mãe, Cleusimar Cardoso Rodrigues, de 53 anos, como os fundadores da seita. Ambos são irmão e mãe de Djidja Cardoso.
Além disso, a seita contava com a colaboração de funcionários dos salões de beleza Verônica da Costa Seixas, de 30 anos, e Claudiele Santos da Silva, de 33 anos, bem como de Marlisson Vasconcelos Dantas, que está foragido. Esses indivíduos eram responsáveis por persuadir funcionários e pessoas próximas à família a se associarem à seita, onde a ketamina, uma droga de uso veterinário, era utilizada.
Os líderes da seita convenciam os seguidores de que, ao consumirem compulsivamente a ketamina, poderiam transcender para outra dimensão e alcançar um plano superior, onde encontrariam a salvação. A ketamina, também conhecida como cetamina, é um anestésico.
Na tarde de quinta-feira (30), durante uma operação policial, foram apreendidas centenas de seringas, produtos para acesso venoso, agulhas e ketamina, além de celulares, documentos e computadores.
O grupo enfrentará acusações de tráfico de drogas, associação para o tráfico, colocação em risco da saúde ou vida de terceiros, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.
Morte da ex-sinhazinha
A morte de Djidja está sob investigação da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS). Inicialmente, suspeita-se que a ex-sinhazinha tenha sido vítima de overdose devido ao uso excessivo de ketamina durante um dos rituais da seita religiosa liderada por sua família. As autoridades aguardam o resultado do exame de necropsia realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), considerando que Djidja também fazia parte da seita e era alvo das investigações.
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