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O bombardeio que atingiu o hospital al-Ahli Arab, na cidade de Gaza, nesta terça-feira (17/10), alimenta desinformação sobre o acirramento do conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. O ataque deixou centenas de mortos e feridos, segundo palestinos, e foi alvo de críticas de países árabes e ocidentais.
O Ministério da Saúde da Palestina defendeu, inicialmente, que o ataque ao hospital teria sido provocado por bombardeios de Israel. O posicionamento se baseia, principalmente, nas ações militares das Forças Armadas israelenses contra a Faixa de Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007.
Por sua vez, o governo de Israel alegou que não se responsabiliza pelo ataque. Segundo informações da inteligência israelense, o bombardeio teria sido provocado por um lançamento de ataque “fracassado” por parte da organização Jihad Islâmica Palestina.
A Jihad Islâmica é uma organização militante que desempenha importante papel no conflito entre Israel e Palestina. Fundada na década de 1980, ela é conhecida pela postura radical e pelas ligações estreitas com o Irã.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também culpou a Jihad Islâmica e chamou o grupo de “terroristas bárbaros”.
No entanto, Daoud Shehab, porta-voz da Jihad Islâmica, afirmou ao jornal norte-americano New York Times que o braço armado do grupo não tem atuado na região. “Não houve nenhuma operação das Brigadas Al-Quds na área”, ressaltou Shehab.
Logo, não há uma informação concreta sobre quem seria o autor do ataque contra o hospital de Gaza. Organizações internacionais se manifestaram sobre o bombardeio, mas não responsabilizaram nenhum grupo ou país.
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Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde da Palestina, o hospital também abrigava pessoas que tentavam deixar o norte da cidade de Gaza após ultimato dos militares de Israel. As autoridades palestinas informaram que pelo menos 500 pessoas morreram devido ao atentado, mas nenhum órgão internacional apresentou número de vítimas.
Arte / Metrópoles
O bombardeio ocorreu no início da tarde desta terça. As primeiras informações divulgadas pelo governo de Israel responsabilizaram a Jihad Islâmica pelo ataque e afirmaram que os foguetes foram disparados em direção a Israel.
“A partir da análise dos sistemas operacionais das IDF, foi identificado o disparo de foguetes inimigos em direção a Israel, que passava pelas proximidades do hospital, quando este foi atingido. De acordo com informações de inteligência, de diversas fontes de que dispomos, a organização terrorista Jihad Islâmica é responsável pelo disparo fracassado que atingiu o hospital”, divulgou o perfil oficial de Israel.
Além do texto, a conta governamental israelense compartilhou um vídeo de câmeras de segurança que não mostra o ataque, mas é atribuído ao bombardeio. As imagens passaram a ser compartilhadas por grupos apoiadores das Forças Armadas de Israel; no entanto, foram retiradas das redes sociais.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, informou que conversou com o rei Abdullah II, da Jordânia, e Benjamin Netanyahu. O político acrescentou ainda que o governo norte-americano irá investigar a explosão.
“Eu estou indignado e triste pela explosão no hospital de Al Ahli em Gaza e pela terrível perda de vidas. Assim que ouvi a notícia, eu conversei com o rei Abdullah II, da Jordânia, e o primeiro-ministro Netanyahu, de Israel, e determinei que minha equipe de segurança nacional siga juntando informações sobre o que ocorreu exatamente”, ressaltou o presidente norte-americano.
“Os EUA defendem a proteção da vida de civis e nós lamentamos pelos pacientes, pela equipe médica e pelos demais inocentes mortos ou feridos nessa tragédia”, completou Biden.
O professor de geografia política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Vitor de Pieri explica que a Jihad Islâmica é um grupo que atua em Gaza, mas é considerado inferior ao Hamas, tanto em armamento como em contingentes.
“A Jihad Islâmica é um grupo que atua em Gaza, um grupo de resistentes e de insurgentes, bem menor que o Hamas”, explica.
Desinformação na guerra
Não é a primeira vez que informações divulgadas por autoridades israelenses tentam retratar a realidade sobre o conflito.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel chegou a divulgar imagens de supostos bebês decapitados por membros do Hamas. “O Hamas é desumano. O Hamas é o ISIS [Estado Islâmico]”, compartilhou o gabinete de Netanyahu.
Não só autoridades de Israel, mas o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também afirmou que teve acesso a fotos que mostram integrantes do Hamas “decapitando crianças” em meio à guerra contra Israel.
“É importante que os americanos saibam disso. Nunca pensei que veria isso. Imagens confirmadas de terroristas decapitando crianças”, afirmou Biden durante encontro com lideranças judaicas.
Apesar da grande repercussão dos “bebês decapitados”, o governo de Israel defendeu que não é possível confirmar que membros do Hamas decapitaram bebês durante o ataque de 7 de outubro, em Israel. No entanto, o comando israelence informou à CNN que houve, sim, decapitações, mas “não podemos confirmar se as vítimas eram homens ou mulheres, soldados ou civis, adultos ou crianças”.
Não só o governo de Israel, mas funcionários da Casa Branca admitiram que o presidente norte-americano não viu imagens, e também não confirmou de forma independente que o Hamas teria decapitado crianças israelenses.
Por sua vez, o Hamas negou que tenha decapitado cerca de 40 bebês e crianças na comunidade de Kfar Aza. A informação sobre a decapitação de bebês foi divulgada inicialmente por uma repórter da emissora i24News