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São Paulo — Homens do Exército e da Polícia Militar participaram, na manhã desta terça-feira (31/10), de operação especial em Guarulhos, na região metropolitana, para tentar localizar as últimas quatro metralhadoras antieaéreas não recuperadas após furto no Arsenal de Guerra de São Paulo. O armamento de guerra, contudo, não foi encontrado.
A operação, autorizada pela Justiça Militar, foi realizada de maneira integrada por militares da Polícia do Exército, tropa especializada do Comando Militar do Sudeste, e equipes do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, com cerca de 45 militares e oito viaturas especializadas.
De acordo com as investigações internas do Exército, 21 metralhadoras foram levadas do Arsenal, possivelmente entre os dias 5 e 8 de setembro, em ação que teria tido a participação direta de militares.
As armas — 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7,62, que perfuram veículos blindados — foram levadas para fora do quartel a fim de que fossem negociadas com facções criminosas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O furto das 21 metralhadoras só foi descoberto pelo Exército mais de um mês depois do crime, no último dia 10, durante inspeção no quartel. Reportagem do Metrópoles levou o caso a público três dias depois.
Até o momento, 17 metralhadoras foram recuperadas – oito no Rio de Janeiro e nove em São Roque, no interior de São Paulo (foto em destaque). As quatro armas ainda não encontradas são as de calibre .50. Ninguém foi preso pelo crime.
De acordo com o Exército, foram cumpridos nesta terça-feira mandados de busca e apreensão na comunidade de Vila Galvão, em Guarulhos. Em nota, a instituição reiterou que o episódio “é inaceitável e envidará todos os esforços para recuperar as armas subtraídas no mais curto prazo, responsabilizando os autores”.
Militares envolvidos
As investigações indicam que militares do Arsenal de Guerra atuaram para retirar o armamento de guerra do local. Um deles foi identificado como o cabo do Exército Vagner da Silva Tandu, 24 anos. Ele tinha a confiança do então diretor do Arsenal, tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, razão pela qual foi escolhido para ser motorista do oficial.
Essa condição teria facilitado sua saída do quartel, com um carro da instituição, carregando as metralhadoras. Outros cinco militares ajudaram Vagner diretamente. As investigações indicam que eles realizaram o corte intencional de energia do quartel, o que impediu as câmeras de segurança de registrarem a ação.
O Comando do Sudeste pediu, na última quinta-feira (26/10), a prisão preventiva do cabo e dos militares. O Metrópoles apurou que, na véspera, ele teria esvaziado seus armários no quartel. Na quinta, ele faltou ao trabalho e, na sexta (27/10), apresentou um laudo psiquiátrico recomendando que ele ficasse uma semana afastado.
No entanto, ao passar por uma perícia com um médico do Exército nessa segunda-feira (30/10), Vagner teve o laudo rejeitado e foi considerado apto a trabalhar. Ele cumpriu a jornada normalmente.
Como a Justiça Militar ainda não se manifestou sobre o pedido de prisão, o cabo não é considerado foragido — até porque trabalhou normalmente na segunda-feira. De acordo com fontes do Exército, a advogada de Vagner tem mantido contato direto com o Ministério Público Militar para tratar da situação de seu cliente.
O Metrópoles não conseguiu localizar a defesa do cabo do Exército. O espaço está aberto para manifestações.
Além do pedido de prisão dos seis homens, o Exército aplicou “punição disciplinar” a outros 17 militares por falha de conduta na fiscalização do armamento. A punição consiste em uma espécie de prisão administrativa no quartel, que pode durar de 1 a 20 dias.
O então diretor do Arsenal, tenente-coronel Rivelino Batista, não é formalmente investigado, mas foi exonerado do cargo. Ele foi substituído pelo coronel Mário Victor Vargas Junior.
Militares aquartelados
Assim que o crime foi descoberto, todo o quartel – cerca de 480 militares – acabou retido para que o Exército ouvisse depoimentos e reduzisse a quantidade de suspeitos envolvidos no episódio. O aquartelamento teve fim na última terça-feira (24/10).
Segundo a Polícia Civil, as armas furtadas seriam vendidas para as facções Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio, que recusaram o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras.