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São Paulo — Um homem que trabalhava como segurança de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), deu uma pista à polícia sobre quem teria entregado ao empresário o kit de joias, avaliado em mais de R$ 1 milhão, que estava com ele no momento do assassinato, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8/11).
Danilo Lima Silva estava com Gritzbach durante sua viagem a São Miguel dos Milagres, Alagoas. Eles embarcaram em 1º de novembro, acompanhados do policial militar Samuel Tillvitz da Luz e da namorada do empresário, Maria Helena Paiva Antunes.
Em depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Danilo disse que, na quarta-feira (6/11), dois dias antes do retorno a São Paulo, Gritzbach pediu para que ele fosse até um quiosque na orla de Maceió para buscar o kit de joias, com um homem identificado como Alan. O segurança não informou se Samuel também foi enviado para a missão.
Chegando ao local, de nome “Lopana Bar de Praia”, Alan teria entregado as joias a Danilo em uma sacola preta, com o documento de origem. O segurança teria então retornado a São Miguel dos Milagres e repassado a encomenda a Gritzbach.
Danilo afirma no depoimento que o empresário teria pedido para que ele buscasse as joias em Maceió após receber a ligação de um homem, não identificado, que teria uma dívida de R$ 2 milhões com ele. As joias seriam entregues como parte do pagamento pela dívida.
Segundo o segurança, o homem teria dito que telefonou para Gritzbach após vê-lo no Aeroporto de Maceió, na chegada de São Paulo em 1º de novembro.
No depoimento, Danilo disse que a viagem a Alagoas foi a passeio e que Antônio Vinícius Gritzbach estava “alegre com a vida”. O grupo ficou hospedado em uma pousada, que não teve o nome mencionado no depoimento. O segurança também não deu detalhes sobre a rotina do empresário e de sua namorada durante a viagem.
Escolta
Sobre o momento da execução, Danilo afirma que o grupo aterrissou no Aeroporto de Guarulhos por volta das 15h20 de sexta-feira (8/11).
Segundo ele, era “certo” que haveria escolta de quatro policiais militares, com dois carros blindados, uma Amaraok com nível 5 de blindagem, que levaria o empresário e a namorada, e uma Trailblazer com nível 3 de blindagem, que levaria os agentes.
Chegando ao local, Danilo disse que contactou o PM Leandro Ortiz e foi informado de que a apenas Trailblazer iria fazer o transporte, pois a Amarok estaria com um problema e não dava a partida. Gritzbach teria concordado com a operação.
Danilo teria então saído do aeroporto para mandar sua localização aos agentes e voltou na sequência para ajudar Gritzbach com suas bagagens.
Os policiais militares envolvidos na segurança do empresário foram afastados.
Namorada
Em seu depoimento, Maria Helena Paiva Antunes, namorada de Vinícius Gritzbach, disse que que testemunhou o empresário comentar sobre ameaças de morte que recebia “por meio eletrônico”.
O medo de ser morto perseguia Gritzbach, ao ponto de ele achar que um de seus inimigos observava o casal, durante um jantar, ainda no nordeste.
“Na quarta-feira passada, estava jantando com Antônio Vinícius em São Miguel dos Milagres, quando Antônio Vinícius comentou que teria visto no local um homem muito parecido com um dos que o ameaçavam, mas achava que talvez não fosse, pois não estava fumando, e o homem que o ameaçava fumava demasiadamente.”
Maria Helena segue o depoimento afirmando que, entre os dias 5 e 6, ouviu Gritzbach conversando ao telefone com uma pessoa que o devia dinheiro. “Posteriormente, ele determinou que [o policial militar] Samuel [Tillvitz da Luz] e [o motorista] Danilo [Lima Silva] fossem até Maceió buscar algumas joias que seriam como parte do pagamento dessa dívida”.
Investigação
Na segunda-feira (11/11), o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, criou uma força-tarefa, envolvendo lideranças das polícias Civil, Militar e Científica, para investigar a morte de Vinícius Gritzbach.
Um integrante da força-tarefa ouvido pelo Metrópoles afirma que a principal suspeita é que o Primeiro Comando da Capital (PCC) tenha encomendado a morte do empresário. Gritzbach é réu pelo homicídio do importante líder da facção Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e de Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, em 2021.
O também líder do PCC Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, é apontado como o responsável por “condenar” Gritzbach à morte.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, o empresário lavava dinheiro para os integrantes da facção, envolvidos com a empresa de ônibus UpBus, e teria desviado milhões de um investimento em criptomoedas.