Nesta quarta-feira, 26, a agência norte-americana de classificação de risco Fitch Ratings anunciou a elevação da nota de crédito do Brasil de “BB-” para “BB”, com “perspectiva estável”. A justificativa foi de uma “performance macroeconômica e fiscal melhor do que o esperado”, afirmou a agência. De acordo com especialistas ouvidos pela Jovem Pan, a revisão é um sinal positivo para as mudanças adotadas no âmbito fiscal e macroeconômico do país, com forte influência da reforma tributária e do novo marco fiscal. Os economistas ainda observam que a elevação da nota é mais uma motivação para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicie cortes na taxa de juros.
Para Matheus Pizzani, economista da CM Capital, a revisão da nota de crédito do Brasil surpreende pelo timing, uma vez que não constava na agenda de eventos macroeconômicos da semana. Ele avalia que, quando analisados os fundamentos da decisão, a revisão se mostra coerente com a postura da instituição. “A Fitch colocava há anos a realização de reforma estruturais como condição necessária para a promoção de melhorias no rating do país. Além disso, a atividade econômica mais pujante do que se imaginava no começo do ano motivou a revisão do PIB de 2023 do país por parte da Fitch, o que pode motivar influxo de capital expressivo em direção ao país. A decisão de hoje também fortalece o ambiente para queda na Selic na reunião do início de agosto, embora não deva ser enxergada, em nossa opinião, como motivo para projeção de um corte mais robusto que 0.25 pontos”, avalia. Matheus acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve seguir adorando a postura cautelosa que teve no ciclo de aperto e ser parcimonioso no momento dos cortes, atrelando-os à evolução dos dados divulgados no intervalo das reuniões.
O advogado e economista Alessandro Azzoni avalia que a nota de crédito traz uma perspectiva de economia estável, mostrando a capacidade do Brasil em questão do seu desempenho fiscal e macroeconômico, junto ao caráter reformista e as mudanças constantes, que o governo busca implementar na tentativa de trazer o desenvolvimento do país. “É um avanço para o Brasil retomar essa qualificação que não tínhamos desde 2018. A Fitch ainda faz uma avaliação bem otimista, onde ela acredita que o desempenho do PIB pode saltar de 0,7% para 2,3%. Isso significa que ela já entende que o país poderá ter crescimento econômico até 2024. Agora, o país passa a ter uma qualificação de bom pagador, com estabilidade, com capacidade de geração de emprego, desenvolvimento, capacidade de austeridade fiscal. Então, você começa a ter uma qualificação e a tendência é que essa avaliação venha subindo cada vez mais”, considera.
Economista e sócio da SuperRico, Jayme Carvalho pondera que a elevação da nota de crédito é um caminho natural ligado a boas políticas de governo. “Houve muito barulho no começo do ano sobre o que o PT poderia estar fazendo, mas grande verdade é que eles respeitaram o arcabouço institucional, não mexendo na meta de inflação apenas na forma de medir a meta. Eles propuseram ao Congresso uma aprovação de uma lei que tenta trazer alguma racionalidade aos gastos públicos, isso é um bom sinal e a ajudou a na melhoria dos preços de mercados. Com a elevação da nota, você tem um país que está atraindo mais investidores e gerando mais confiança. Isso faz com que o real se valorizasse frente ao dólar, causando a queda nos preços. Isso é super importante para o Banco Central sentir conforto para a queda da taxa de juros”, opina. Ele complementa que a medida deve ter impacto sobre a velocidade da queda da taxa de juros.
Segundo João Piccioni, analista da Empiricus Research, a revisão indica uma melhora na visão sobre os aspectos fiscais e a dinâmica da economia brasileira no futuro. “Os efeitos são normalmente vistos mais na curva de juros. O risco de crédito no Brasil cai quando isso acontece. E, se a gente tem uma curva menos pressionada, isso acaba impactando em todos os ativos de risco do país. Teoricamente, o ambiente fica mais propício para o investidor comprar ativos aqui”, indica. João complementa que as demais agências de classificação de risco tendem a convergir para um patamar similar.
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