O que eles têm em comum?
Estavam soltos, como está solta uma boa parte da população carcerária.
Não poderia ser outro o resultado: cometeram outros crimes.
O que ninguém poderia imaginar é que esses dois psicopatas seriam capazes de praticar crueldades no mesmo padrão que o Champinha, psicopata paulista que entrou para os anais da psiquiatria forense criminal. Champinha ficou mundialmente famoso aos 16 anos, ao torturar e abusar de uma menina na frente do seu namorado por vários dias.
Carlos Alberto e Rogerio pularam o muro dos fundos de uma casa em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Com facas em mãos, renderam e agrediram a família. Sob ameaça de morte roubaram dinheiro e os celulares das vítimas.
Em ato contínuo, Carlos Alberto amarrou o filho e o marido com as mãos para frente e estuprou a mulher. O psicopata ainda os obrigou a segurarem as pernas da vítima e assistirem a tudo.
O crime ocorreu no último sábado, dia 7, e os bandidos foram presos na segunda-feira, dia 9, pela equipe da 35ª DP (Campo Grande).
A política pública criminal de abrir as portas dos presídios faz com que a população das grandes cidades do Brasil conviva com os delinquentes soltos e estimula a reincidência. O pior é que a reincidência demonstra sempre uma evolução do criminoso, seja na violência empregada, na crueldade, na sofisticação, no modus operandi, enfim, é assim que evolui a escalada da violência no país.
O próprio Champinha não cumpre pena, mas medida de segurança. Isso implica dizer que não há prazo para que seja colocado em liberdade. Periodicamente ele é examinado.
Mas...
Carlos Alberto e Rogerio não são inimputáveis. Serão aplicadas as penas mínimas correspondentes ao crime hediondo e em alguns anos terão direito à progressão do regime da pena, ganhando a liberdade novamente.
Em alguns lugares do planeta os dois seriam condenados à morte – em outros, à prisão perpétua. Mas no Brasil...
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o país possui 832.295 presos, mas se somarmos as vagas disponíveis de todas as unidades prisionais, chegamos a apenas 596.162 vagas. Isso significa que o nosso sistema penitenciário aponta um déficit de 230.678 vagas. Essa é a razão pela qual estão soltando os presos. Preferem soltar a construir novas vagas.
Disponibilizam 100 milhões para publicidade da Usina de Itaipu, que já tem sua produção 100% vendida, ou seja, não necessita publicidade, mas não investem um centavo na construção de novas vagas no sistema carcerário.
Parece tudo muito bem orquestrado, não é mesmo?
E realmente é.
Pois a ideia é exatamente essa – soltar os presos – seus aliados – e adotam essa política pública criminal macabra, com a desculpa de que não há vagas no sistema carcerário.
Como se não bastasse, ainda há a opção de se privatizar a gestão de algumas unidades, barateando ainda mais os custos de construção e manutenção.
O governo federal tem dois caminhos, mas prefere investir no caos.
Tudo isso faz parte do golpe.
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.
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