JCO
Abílio tinha uma vida animada, era esportista, lutador e havia recebido treinamento de tiro com especialistas israelenses.
O empresário se recusava a andar com seguranças profissionais, pois acreditava que conseguiria se defender sozinho da violência que assolava o país, até que aconteceu a tragédia: o sequestro de Abílio Diniz por guerrilheiros comunistas.
Abilio dirigia no Jardim Europa, bairro da zona oeste de São Paulo, a caminho de seu escritório quando precisou frear ao avistar uma ambulância atravessada na rua.
O carro de Abílio foi cercado por guerrilheiros profissionais perto de sua casa. Ele tentou resistir, mas os criminosos estavam em grande número e conseguiram rendê-lo, levando-o para uma estrutura profissional de tortura e isolamento.
As investigações do sequestro de Abílio ainda tiveram uma reviravolta nacional: a descoberta de provas que possivelmente incriminavam o Partido dos Trabalhadores (PT).
O empresário foi entrevistado pelo Flow Podcast e contou sua perspectiva do caso.
A ação começou em uma manhã de 11 de dezembro de 1989, uma segunda-feira. Abílio dos Santos Diniz começava mais uma semana de trabalho. Apesar da fortuna e dos luxos de que Abílio desfrutava, o empresário não se utilizava de motorista particular.
A poucos metros de sua casa, uma Chevrolet Caravan disfarçada de ambulância bloqueia o seu caminho.
Estranhando a situação, Abílio sacou seu revólver e abriu parcialmente a porta, mirando contra a ambulância. Foi quando sentiu um baque. Seu carro foi atingido atrás por um Opala, dirigido por uma jovem.
No instante seguinte, um homem vestido de policial atingiu Abílio na cabeça com uma coronhada de revólver. Do outro lado do carro, outro homem abriu a porta e arrancou a arma que o empresário segurava.
Apesar da resistência, o empresário foi carregado para dentro da falsa ambulância, onde suas mãos e pés foram amarrados com arame, e um capuz foi colocado em sua cabeça.
Não houve comunicação alguma entre os sequestradores e Abílio durante todo o trajeto. Depois de um tempo cruzando a cidade, o empresário foi transportado para outro carro de quatro portas, onde ficou acomodado sobre o colo de três homens que sentavam no banco de trás.
Novamente trocaram de veículo, dessa vez uma Kombi, que levou todos até o destino final.
Chegando no local do cativeiro, uma casa localizada na Praça Hashiro Miyazaki, no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo, Abílio foi levado para o subsolo. Tiraram sua roupa e lhe deram uma calça de abrigo para vestir.
Quando retiraram seu capuz, o empresário estava em um cubículo recém-construído. Dentro havia um colchonete, um vaso sanitário, uma porta, um alto falante e um tubo por onde circulava o ar.
Pouco tempo depois, Abílio recebeu um papel contendo instruções e regras dos sequestradores. Segundo as normas, ele deveria ficar de frente para a parede sempre que alguém batesse na porta, e toda comunicação entre ele e os sequestradores deveria ser feita por bilhetes.
Deixaram claro para o empresário que ele não tentasse resistir, já que tinham o controle da situação.
Abílio respondeu:
“Não vou criar problemas. Vocês venceram e sei quando estou derrotado. Vamos procurar atingir os objetivos pelo caminho mais rápido, no interesse de vocês e no meu”.
Através da troca de bilhetes, Abílio indicava os melhores caminhos para iniciar as negociações com a sua família. Os sequestradores questionaram o quanto o empresário achava que valia a sua vida.
Abílio tinha conhecimento técnico de mercado e argumentava sobre seu patrimônio, disponibilidade de caixa e a cotação do dólar. Após alguns dias com a vítima em suas mãos, os sequestradores pediram de resgate a quantia de 30 milhões de dólares.
A luz do cubículo ficava ligada o tempo todo, impossibilitando a vítima de saber se era dia ou noite.
Além da tensão e do temor natural de uma situação como essa, os sequestradores ainda colocavam coletâneas de músicas sertanejas 24h por dia através do alto falante instalado no cubículo. Abílio conta que não conseguia nem ouvir os próprios pensamentos e que a música parecia sair de dentro de sua cabeça.
Depois de muitos pedidos, os sequestradores baixaram o volume da música, o que permitiu ao empresário ouvir ruídos diferentes.
O sequestro de Abílio durou 5 dias. No quinto dia, ainda em cativeiro, Abílio ouviu gritos e notou uma agitação anormal no andar de cima. Nesse momento, os sequestradores bateram na porta, sinalizando que o empresário deveria se virar contra a parede.
Foi então que Abílio foi puxado para fora do subsolo, levado até a janela e ordenado que comunicasse para a polícia que quem estava ali era realmente ele. Nas poucas vezes que esteve fora de seu cubículo, Abílio pôde observar o arsenal de armas que os sequestradores portavam.
COMO A POLÍCIA IDENTIFICOU OS CRIMINOSOS
Alguns dias antes do sequestro, o carro Caravan, usado pelos sequestradores, teve um problema no câmbio e foi levado para o conserto. No cadastro da oficina, foi registrado o número de telefone de um apartamento que alguns dos envolvidos haviam alugado para preparar o sequestro.
Quando a polícia localizou o veículo abandonado, foi encontrado dentro do carro um cartão dessa oficina. Através do telefone registrado, os policiais localizaram um prédio residencial. Chegando lá, encontraram o dono do apartamento entregando as chaves para o porteiro.
Em um dos bolsos do homem abordado, encontrou-se um papel com um endereço, o que levou os policiais até o cativeiro de Abílio. A casa número 59, na Praça Hashiro Miyazaki no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo
No domingo, 17 de dezembro, depois de 36 horas do cerco do cativeiro por policiais e pela imprensa, os sequestradores decidiram que iriam se entregar e libertar Abílio Diniz. O fim da novela foi exibido ao vivo pela TV.
Todos os envolvidos no sequestro foram presos em flagrante. Para a surpresa dos policiais que libertaram o cativeiro, apenas um dos sequestradores era brasileiro.
As diferentes nacionalidades do grupo e suas ligações com movimentos guerrilheiros latino-americanos davam novas tonalidades às investigações. Entre os 10 sequestradores, haviam 5 chilenos, 2 argentinos, 2 canadenses e 1 brasileiro.
Chefiados pelo argentino Humberto Paz e seu irmão Horácio, os sequestradores tinham ligações com pelo menos 12 grupos terroristas diferentes da América Latina.
Humberto e Horácio já haviam praticado atos terroristas em nome de grupos como o Exército Popular Argentino (ERP), as Forças Populares de Libertação de El Salvador (FPL), Sendero Luminoso do Peru, e o braço chileno do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR).
Os cinco chilenos eram Ulisses Gallardo Acevedo, Pedro Lembach, Héctor Ramón Tapia, Sérgio Olivares e Maria Marchi Badilla, a jovem acusada de dirigir o Opala que bateu na traseira do carro de Abílio durante o sequestro.
Todos entraram no Brasil com o status de exilados políticos, concedido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Um dossiê elaborado pela Interpol revelou que os dois canadenses haviam sido redatores do jornal "El Rebelde", de El Salvador, e que ambos eram membros de guerrilhas terroristas de esquerda naquele país.
Inicialmente, Lamont e Spencer negaram qualquer participação. Entretanto, foram desmentidos quando documentos que provavam o envolvimento de ambos no sequestro se revelaram.
Os documentos com seus nomes e dados foram revelados através de uma explosão ocorrida na base da guerrilha, na cidade de El Salvador.
A descoberta dos documentos é o “elo perdido” que faltava para a Interpol ligar os dez sequestradores do empresário Abílio Diniz ao movimento mundial de arrecadação de fundos para grupos políticos.
Analisando o caso, o delegado Romeu Tuma Jr, que elaborou o dossiê do sequestro de Abílio para a Interpol, afirmou:
“Os sequestradores de Diniz passaram por Cuba, Nicarágua e El Salvador, onde tiveram treinamentos de guerrilha. [...] Não tenho dúvida de que essa conexão é mundial e se alastra até a Europa”.
No inquérito, consta o depoimento do sequestrador chileno, Pedro Lambach, em que ele relata ao delegado da polícia civil de São Paulo um encontro entre grupos de esquerda de todo o mundo ocorrido em Hamburgo, na Alemanha, em 1988.
No encontro, 150 participantes decidiram pela prática de sequestros na América Latina para arrecadar fundos.
O dossiê elaborado pela Interpol e pela Polícia Federal revela que também em 1988 teria havido outra reunião em Buenos Aires, na Argentina, com a presença de um oficial do Partido Comunista Cubano.
Na reunião foi deliberado que os movimentos políticos deveriam arrecadar fundos através de sequestros de empresários.
Esses mesmos grupos participaram de outros sequestros no Brasil, envolvendo as vítimas Antônio Beltran Martinez, ex-vice-presidente do Bradesco, e os publicitários Luiz Sales, Geraldo Alonso e Washington Olivetto.
Além dos 9 estrangeiros, um brasileiro também participou do sequestro.
Raimundo Rosélio Freire, o sequestrador brasileiro, começou a militância cedo em sua vida. Em uma entrevista, confessou que aos 16 foi integrado em uma organização trotskista no Ceará, chamada Convergência Socialista. O grupo era ligado à Quarta Internacional Comunista.
Dando continuidade à sua militância, Rosélio se torna professor de história e fundador da filial do PT no Ceará. Anos mais tarde, decidiu viajar a Nicarágua para fazer parte da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FFMNL). Em entrevista, Raimundo revelou como foi parar na luta armada:
“ISTOÉ: Como aconteceu a ligação com as organizações internacionais?
Raimundo Rosélio Freire: “Eu achava que podia ser útil como militante internacionalista na América Central, uma vez que a democracia começava no Brasil. Aí, eu vendi o meu carro, os amigos fizeram uma cota e eu comprei a passagem até a Nicarágua.
Deixei a companheira, a faculdade de história, o meu trabalho como chefe de recepção de um hotel quatro estrelas, o apartamento classe média e fui embora. Na Nicarágua, não era só discurso. Lá tivemos uma guerra. Me integrei às atividades armadas. Hoje, ainda pago um preço emocional e pessoal por esse sofrimento de guerra”.
ISTOÉ: O senhor se arrepende?
Raimundo Rosélio Freire: Eu acho que eu não poderia me furtar. Estava envolvido em meus princípios, em minha ideologia e na minha luta. Eu não renego a luta armada”.
Freire disse também que o MIR chileno escolheu o Brasil para fazer o sequestro porque o SNI (Serviço Nacional de Informação) passava por um momento de desmanche em sua estrutura, o que dificultaria a localização do grupo no país.
O sequestro do empresário ocorreu no intervalo entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial de 1989. Os candidatos em disputa eram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
ENVOLVIMENTO DO PT?
No cativeiro, uma descoberta dava ainda mais uma nova face para o que parecia ser um simples sequestro de um empresário famoso: Além de armas e munição, foi encontrado material de campanha do Partido dos Trabalhadores e de Lula, como adesivos, camisetas e bandeiras.
Em outro imóvel usado pelos criminosos, a polícia informou que teria encontrado mais materiais de campanha de Lula, além de uma agenda com telefones de dois líderes petistas, a saber, o vice-prefeito paulistano Luiz Eduardo Greenhalgh e o vereador e presidente da Câmara Municipal, Eduardo Suplicy.
As descobertas geraram 2 teorias:
- Envolvimento do PT no sequestro;
- Armação da mídia e da polícia contra o PT.
TEORIA DO ENVOLVIMENTO DO PT NO SEQUESTRO
O Partido dos Trabalhadores se tornou um imediato suspeito no caso. Apesar do material encontrado, os policiais não conseguiram fazer nenhuma ligação direta dos sequestradores com qualquer membro do partido.
Tendo em seu quadro uma série de ex-guerrilheiros comunistas, o PT é membro fundador do Foro de São Paulo, idealizado por Lula e Fidel Castro em um encontro em Havana. Em seminários e encontros discretos, os membros deliberaram sobre as ações do movimento revolucionário em todo continente.
O dossiê do Foro de São Paulo, descoberto pela Interpol e pela Polícia Federal, revelou que os movimentos políticos deveriam arrecadar fundos através de sequestros de empresários. O documento foi elaborado um ano antes do sequestro, com a presença de um oficial do Partido Comunista Cubano, numa reunião em Buenos Aires.
Segundo as investigações, o dinheiro dos sequestros de Washington Olivetto, Luiz Sales, Geraldo Alonso e Abílio Diniz iria para organizações como as FARC e o MIR chileno, dos quais os membros já participaram de reuniões do Foro de São Paulo.
A quantidade de organizações envolvidas com o sequestro, suas diferentes nacionalidades e a logística envolvida dão indícios de um grande esquema por trás.
Teriam seus membros conhecimento de que seus companheiros de luta praticavam sequestros em troca de dinheiro para financiar os próprios partidos de esquerda? Sabendo das práticas e das intenções dos sequestradores, teria o PT beneficiado do sequestro indiretamente?
Outra perspectiva dentro dessa teoria é de que mesmo não tendo envolvimento com o sequestro, o PT pode ter se favorecido dele indiretamente, uma vez que Abílio se tornou um dos principais aliados e se integrou ao esquema petista que dominou a máquina estatal por mais de uma década.
Em 2003, Diniz tornou-se membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse grupo assessora diretamente o presidente em diversas áreas. O CDES é um órgão de “proteção” dos interesses do governo, um instrumento político partidário para ajudar na fusão de empresas, regular setores da economia e eliminar a concorrência.
Abílio foi sondado diversas vezes para assumir o Ministério da Fazenda e era um dos nomes fortes para a pasta se Haddad tivesse vencido a eleição de 2018. Sua relação com o PT e com Lula sempre foi a melhor possível. Numa entrevista em 2010, ele se declarou “fã de carteirinha” do então presidente da república.
Sabendo das ligações do partido com as ações terroristas praticadas na América Latina, Abílio pode ter se tornado um petista, pois sabia que no seio do partido não sofreria com essa ala terrorista da esquerda.
Além disso, obteria vantagens de mercado com a ajuda dos companheiros no governo. Integrando o quadro de empresários amigos do partido, Diniz passou a comprar outras redes de supermercados, para fundir empresas e ter controle de tudo e, assim, eliminar a concorrência e os pequenos empreendedores.
Mas tudo tem um preço: ser companheiro do partido também implica em participar do esquema de roubo e da corrupção que se instalou no país.
ESQUEMAS DE CORRUPÇÃO
Dilma Rousseff, eleita para seu primeiro mandato como presidente, mandou anunciar o nome do ministro mais poderoso de seu governo. Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, ex-deputado federal, ex-prefeito de Ribeirão Preto, assumia a chefia da Casa Civil.
Era a ressurreição política de Palocci, afastado do governo Lula pelos escândalos de corrupção que assumiu em seu nome para livrar o partido das condenações. Palocci havia perdido o cargo, mas não a influência.
No seu retorno ao cenário político, coordenou e atuou como arrecadador informal da campanha de Dilma, ao lado do tesoureiro do PT, João Vaccari.
Nas palavras de Dilma, Palocci foi “um dos artífices da jornada vitoriosa”. No dia em que foi anunciado como ministro de Dilma, Palocci recebeu um pagamento de R$ 1 milhão na conta de sua consultoria.
Anos mais tarde, Palocci foi preso na Operação Omertà e condenado a 12 anos e dois meses de reclusão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Após uma briga com o líder do partido, José Dirceu, Palocci fechou acordo de delação premiada com a polícia federal na Operação Lava Jato.
Segundo uma de suas delações, o pagamento de 1 milhão de reais foi feito por Abílio e serviria para comprar Palocci, que ajudaria na fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia, facilitando a concessão de um empréstimo ao empresário pelo BNDES.
Diniz queria o dinheiro emprestado para tentar evitar que o grupo francês Casino assumisse o controle do Pão de Açúcar. Notas divulgadas em 2015 pelas partes confirmam diversas transações entre as empresas de Abilio e a consultoria de Palocci.
Porém, o dinheiro de Abílio foi embolsado por Palocci, mas o favor não foi atendido.
Em um jantar entre Lula e o presidente do grupo Casino, este solicitou a ajuda do então presidente da república para barrar a expansão dos negócios de Abílio, pois era ele que queria fazer fusões entre o Carrefour com empresas do varejo brasileiro.
Após o jantar, Lula comunicou a Palocci que aceitou “segurar” Abílio no que fosse preciso.
Ainda em seus depoimentos, Palocci disse que o valor oferecido pelo grupo Casino era muito alto e precisava ser parcelado. O político deu detalhes de como o dinheiro ficou guardado em uma filial do banco Safra na Suíça e como depois foi repassado para campanhas eleitorais.
Dois milhões foram para a campanha de Haddad em 2012 à prefeitura de SP. Outros 10 milhões para a campanha de Dilma em 2014.
Parte do dinheiro foi diretamente para Lula, pago através do seu instituto. Em uma das oportunidades, o dinheiro foi entregue dentro de uma caixa de lenços. Em outra, 50 mil reais foram entregues na sala presidencial do aeroporto de Brasília.
O dinheiro também foi entregue a Lula em caixas de whisky, dentro do avião presidencial no aeroporto de Congonhas.
Em depoimento à Polícia Federal, o motorista de Palocci, Carlos Pocente, disse que o mesmo "tinha o costume de receber pessoas na garagem dos edifícios em que se localizavam suas consultorias”.
Palocci recebia pessoas como Marcelo Odebrecht, João Vaccari, Léo Pinheiro e Abílio Diniz. Dos citados pelo motorista, só Abílio não foi preso, embora tenha sido indiciado no âmbito das investigações da Operação Carne Fraca. Os demais foram presos na Lava Jato.
Ao todo, Palocci deu 23 depoimentos, que apontam uma sucessão de ilícitos e propinas, que chegam a mais de 300 milhões de reais, supostamente arrecadadas e repassadas por empresas, bancos e indústrias a políticos e partidos nos governos de Lula e Dilma.
Os depoimentos de Palocci denunciaram corrupção do PT em:
Grandes obras de infraestrutura;
Contratos fictícios;
Doações por meio de caixa 2;
Liberação de recursos do BNDES;
Créditos do Banco do Brasil;
Criação de fundos de investimentos;
Fusões e elaboração de medidas provisórias para favorecer conglomerados.
Palocci cita os ex-presidentes Lula e Dilma, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, a deputada Gleisi Hoffmann, o deputado Lindbergh Farias, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto.
Ainda, Palocci menciona Grupo Odebrecht, AMBEV, Grupo Camargo Corrêa, Banco Safra, Casino, Instituto Lula, PAIC Participações, Votorantim, Aracruz, BTG Pactual, Grupo Parmalat, Itaú-Unibanco, Bradesco, Vale, Brasil Seguros, BNDES, Sadia-Perdigão, OAS e o Grupo Pão de Açúcar.
Todavia, diante dos fatos do sequestro de Abílio Diniz, surge outra possibilidade.
ARMAÇÃO DA MÍDIA E DA POLÍCIA CONTRA O PT
A segunda teoria é sustentada por apoiadores do PT. Eles afirmam que o material de campanha e a agenda com o número de líderes petistas foi uma armação da polícia. Segundo eles, os policiais plantaram o material no cativeiro e obrigaram os sequestradores a vestirem as camisetas do PT para a imprensa tirar fotos.
Isso teria sido feito a fim de prejudicar Lula, já que as eleições se encerravam no dia em que o material foi encontrado.
O líder do grupo, Humberto Paz, revelou perante o juiz que foi obrigado a vestir a camiseta do Partido dos Trabalhadores pela Polícia de São Paulo.
Outro sequestrador relatou:
"No sábado de manhã, dia 16 de dezembro, alguns policiais também arrancaram minhas roupas e colocaram-me uma camiseta do Partido dos Trabalhadores".
O diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Gilberto Cunha, nega as acusações.
Anos mais tarde, Lula foi preso pelas ilegalidades relacionadas ao seu triplex no Guarujá. Nesse momento, a deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, relacionou a atuação do judiciário contra Lula com a cobertura feita pela mídia do sequestro de Abílio Diniz, alegando que ambos são armações para prejudicar o partido.
Foi levantada a hipótese de que os bandidos espalharam material de propaganda petista na casa para que, se fossem presos, se beneficiassem das penas mais brandas que a lei estabelecia para os crimes com motivação política.
Como estão os sequestradores de Abílio Diniz? Condenações e fechamento do caso
Os dez presos foram condenados a penas de 26 e 28 anos de prisão pelo sequestro. Eduardo Suplicy, Lula e outros líderes petistas então iniciaram uma verdadeira cruzada internacional pela libertação dos criminosos, fazendo visitas e pressionando o governo de Fernando Henrique para libertar os presos.
Os criminosos entraram em greve de fome duas vezes enquanto ficaram encarcerados, exigindo que o governo brasileiro extraditasse os nove estrangeiros do grupo para seus países de origem. Os presos disseram:
"Nosso movimento não cessará até os companheiros canadenses terem sido transferidos para seu país; os argentinos e chilenos expulsos do Brasil devem ser indultados. [...] Se necessário, pagaremos com nossas vidas".
Graças a um acordo de troca de presos entre o Brasil e o Canadá, aprovado pelo Congresso, David Spencer e Christine Lamont foram extraditados para o Canadá. Depois da campanha apoiada pelo PT e especialmente por Lula, o restante dos estrangeiros foram mandados de volta para seus países.
O único brasileiro do grupo, Raimundo Rosélio da Costa Freire, foi indultado. Anos mais tarde, voltou a ser preso por tráfico de drogas.
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Fonte: Brasil Paralelo.
da Redação
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