Hoje foram presos Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do RJ, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio de Janeiro e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Estado – esse último supostamente por proteger os mandantes do assassinato de Marielle Franco.
Não há necessidade do ser humano possuir dois neurônios para observar que aquela energia toda da grande imprensa simplesmente acabou. Onde está aquele sensacionalismo? Aquela perseguição implacável na busca da verdade? As manchetes impactantes deram lugar a notícias de mero cunho informativo, quase que em notas de rodapé.
No dia que o jornalismo brasileiro mais tinha que trabalhar, curiosamente perdeu o interesse pelo caso. A bem da verdade, o trabalho mais precioso de um jornalismo comprometido com a sua função social estaria apenas começando.
O Caso Marielle Franco expôs o submundo do crime – as relações perigosas e obscuras entre os agentes da lei, os políticos e as organizações criminosas. A influência e o poder desses políticos e de criminosos como Bernardo Belo, dentre outros – tudo isso veio à tona.
O Rio de Janeiro deixou de ser a Capital Federal, mas até hoje é a capital do crime – e isso ficou bem transparente.
Escrever um artigo como esse é mais perigoso do que você dizer para um vizinho que houve fraude nas eleições passadas. Nesse último caso você pode ser preso, ter sua vida devassada, seus bens confiscados e sua reputação assassinada pela imprensa cúmplice, mas assinar uma matéria como essa você pode estar assinando a sua sentença de morte, porque você está confrontando a máfia – e não o sistema.
Máfia não tem partido político, o sistema tem.
Não faltarão vozes a sustentar que no Brasil não existe máfia, pois nossas organizações criminosas não chegaram nesse ponto. São pessoas induzidas a erro pela imprensa vermelha e por falsos “especialistas”, comprometidos com interesses nada republicanos.
Temos provas de que o PCC investe na formação de juízes e promotores, delegados de polícia e demais agente públicos. Além disso, são influentes do ponto mais alto até o mais baixo, na cadeia de comando da máquina pública. Isso é máfia.
Se faltam homens de coragem para enfrentar os abusos cometidos contra os patriotas presos pelo 8 de janeiro, o que dizer de homens para enfrentar esse sistema macabro?
Mas ainda existem homens como o Delegado Marcus Vinícius, também ex-chefe de polícia, que investigou o seu próprio governador – o Witzel – que acabou por derrubá-lo. Ainda existem pessoas que não se deixam contaminar e nem se intimidar pelo sistema, mesmo que tenham que pagar com a própria vida ou com a sua reputação assassinada. Na polícia mesmo, tem um monte de gente assim.
Expor as relações obscuras entre o poder e o crime organizado trafega na contramão dos interesses do governo do Partido das Trevas e, por extensão, da grande imprensa.
Você não vai encontrar na mídia o que levou um delegado como o Rivaldo Barbosa a estar envolvido nesse emaranhado cenário e nem tão pouco terá espaço maiores reflexões dos verdadeiros especialistas.
Também não veremos nos grandes veículos de comunicação nenhuma palavra sobre o excelente trabalho realizado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. O que se vê é a ênfase aos trabalhos da Polícia Federal que assumiu o caso e conseguiu a delação de Ronnie Lessa. Sabe por que? Porque a Polícia Federal está sob o comando do PT e a Polícia Civil compete ao Governador Cláudio Castro.
Não tiramos os aplausos à Polícia Federal. Eles realmente foram brilhantes, mas só Deus sabe a razão do Lessa realmente resolver abrir a boca somente 5 anos depois. O fato é que foram os trabalhos desenvolvidos por policiais dedicados da Polícia Civil do RJ que deram todo o suporte probatório, investigativo e jurídico, para a homologação da delação e posteriores prisões.
Lessa estava preso, ou seja, sua segurança estava vulnerável. Quando o caso federalizou, mudou esse panorama. Não esqueçam que esse é um mundo de psicopatas – são frios e racionais – por que Ronnie Lessa achou que aquele era o momento certo de se fazer a delação? Isso não foi explorado pela mídia.
Enfim, se o Brasil vem passando por momentos conturbados de ataques à nossa democracia, o Rio de Janeiro já enfrenta uma verdadeira guerra urbana e se não fosse a nossa Polícia Militar e Polícia Civil, a situação já estaria fora do controle e seria de descalabro.
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.
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