metrópoles Jessica Bernardo
atualizado
São Paulo – Preso pela Polícia Federal na manhã deste domingo (24/3) por suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil) foi colega de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Chiquinho foi vereador carioca pelo MDB por 12 anos, inclusive durante os dois primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018, quando foi assassinada.
Citado na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, Chiquinho alegou ter tido um bom convívio e relação com ela nos dois anos que dividiram o plenário da Câmara dos Vereadores.
Em 2018, Chiquinho foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo Avante e, em 2022, foi reeleito para a Casa legislativa pelo União Brasil. Em 2023, o político assumiu a Secretaria Especial de Ação Comunitária, na gestão do prefeito carioca Eduardo Paes (PSD). O deputado, no entanto, permaneceu poucos meses no cargo, saindo em fevereiro deste ano.
Chiquinho apoiou a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a receber passaporte diplomático durante o governo do ex-presidente. Bolsonaro, no entanto, negou ter influenciado na liberação do passaporte para o deputado, como mostrou o colunista do Metrópoles Paulo Capelli.
“O decreto 5978, do governo Lula, de 2006, estabelece que se concede passaporte diplomático aos membros do Congresso Nacional. E que a concessão ao cônjuge e dependentes será regulada pelo Ministério das Relações Exteriores. Logo, não é verdade que forneci passaporte diplomático a Chiquinho Brazão. O passaporte é um direito de todos os deputados federais e senadores”, disse Bolsonaro no início deste ano.
Depoimento de miliciano
O nome do deputado passou a chamar atenção após seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, ter aparecido no depoimento do miliciano Orlando Curicica sobre o crime à Polícia Federal.
Curicica foi um dos chefes da milícia em Jacarepaguá, território político da família Brazão. O miliciano disse à Polícia Federal em 2019 que participou de um encontro no Rio em que um dos chefes do “Escritório do Crime” e um policial militar que trabalhou como assessor de Domingos Brazão, discutiram, no entendimento dele, o assassinato da vereadora Marielle Franco.
No relatório da Polícia Federal daquele ano, a corporação afirma que “Domingos Inácio Brazão é, efetivamente, por outros dados e informações que dispomos, o principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e Anderson”.
A família Brazão tem como reduto político e eleitoral o bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, historicamente dominado pela milícia.
A citação de Chiquinho na delação de Ronie Lessa foi, no entanto, o que levou o caso ao Supremo Tribunal Federal, já que o deputado tem foro privilegiado.
Como mostrou o colunista Paulo Capelli, o deputado federal já recebeu de miliciano acusado de duplo homicídio a esposa de líder do Comando Vermelho (CV) condenada por envolvimento com o tráfico de drogas em seu gabinete.
Quando era vereador, Chiquinho Brazão se reuniu com o miliciano Cristiano Girão em 7 de março de 2018, uma semana antes da execução de Marielle. Preso desde 2021, Girão foi condenado por chefiar uma milícia na zona oeste da cidade que tomou o controle de área antes dominada por traficantes do CV
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