terça-feira, 4 de junho de 2024

Mãe filmava Djidja dopada: “Ela está ganhando poderes” Cleusimar fez vídeos da família fazendo uso de cetamina

Thamirys Andrade - 04/06/2024 12h49 | atualizado em 04/06/2024 12h57

Djidja Cardoso sob efeito de cetamina Foto: Reprodução / Frame de vídeo / X

As investigações sobre a família Cardoso apontaram que a matriarca, Cleusimar Cardoso, tinha o hábito de gravar seus filhos, Djidja e Ademar, sob efeito de cetamina, droga anestésica usada por eles como parte da suposta seita religiosa que lideravam. Cleusimar também fazia vídeos dos filhos aplicando a substância em si mesmos por meio de seringas, e chegou a dizer em uma das gravações que a filha estava “ganhando poderes” ao vê-la dopada.

Registradas no apartamento onde Djidja foi encontrada sem vida em Manaus, as gravações foram obtidas pela Rede Amazônica e viralizaram nas redes sociais. Em uma delas, é possível ver a ex-sinhazinha da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido paralisada diante do espelho enquanto sua mãe falava com ela:

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– Desliga a pia, desliga a pia. Ela [Djidja] está ganhando poderes. Ela deu três seringadas, e eu tô filmando ela (risos). Djidja? Por que tá aí? A cetamina não faz mal para ninguém. Não se pode falar mal da cetamina – disse Cleusimar, aparentemente também sob o efeito da substância.

Outro vídeo feito por Cleusimar mostra o filho, Ademar, dopado sobre a cama, ao lado da irmã. A mãe também exibe um frasco de cetamina e as marcas da aplicação nela e no jovem.

– Por que você está duro? Te indireita, mano. Te indireita – diz ela a Ademar na gravação.

INVESTIGAÇÕES
As imagens foram anexadas às investigações, que apontam que a família liderava uma seita religiosa chamada Pai, Mãe, Vida, que tinha como premissa o uso da droga em questão como forma de alcançar uma plenitude espiritual.

Segundo as apurações, os rituais incluíam violência física, abuso psicológico, estupro de vulneráveis e até mesmo aborto, que teria sido realizado em uma ex-companheira de Ademar. O grupo religioso estaria em funcionamento há ao menos dois anos no bairro Cidade Nova, em Manaus.

Djidja foi encontrada morta no último dia 28, com sinais de overdose. O laudo preliminar sobre o óbito indica que a jovem sofreu um edema cerebral, ou seja, um acúmulo de líquido na região, o que afetou o coração e a respiração da ex-sinhazinha. O resultado final será divulgado até o fim de junho.

Como parte da Operação Mandrágora, Cleusimar e Ademar Cardoso foram presos preventivamente na última quinta-feira (30), junto de funcionários do salão de beleza.

O grupo deve responder por uma longa lista de crimes: tráfico de drogas, associação para o tráfico, por colocar em risco a saúde ou a vida de terceiros, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.

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