Paulo Moura - 10/06/2024 12h29 | atualizado em 10/06/2024 13h14
Os resultados prévios das eleições para o Parlamento Europeu realizadas entre a última quinta-feira (6) e este domingo (9) já mostram um claro avanço da direita e uma derrota evidente da esquerda no pleito. No entanto, o que se viu até agora nas páginas dos principais veículos de imprensa do Brasil e do exterior foi pouco ou nenhum espaço para abordagens do fracasso esquerdista.
Na imprensa nacional, veículos de maior porte, como G1, UOL e Folha, noticiaram o avanço do que chamaram de “extrema-direita” ou “ultradireita”. O portal de notícias do Grupo Globo, por sinal, afirmou que “partidos do centro devem manter controle do Parlamento Europeu mesmo com avanço da ultradireita”.
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Já o UOL, que publicou uma reportagem com o título: Onda da extrema-direita sacode UE e Macron anuncia dissolução de Parlamento, se utilizou de um expediente carregado de clichês e termos pejorativos ao dizer que os resultados parciais no continente registraram “um avanço significativo de partidos ultraconservadores, populistas, xenófobos e de extrema-direita”.
A Folha também focou seu conteúdo nos direitistas ao dizer que a “ultradireita avança, mas centro mantém liderança no Parlamento Europeu”. No texto, são citadas inúmeras informações que comprovam a evolução do bloco à direita, mas poucas linhas são dedicadas à derrocada da esquerda, exceto por um curto parágrafo sobre a “derrota expressiva” sofrida pelo grupo dos Verdes.
Na imprensa internacional, o foco não foi diferente. No americano The New York Times, por exemplo, a reportagem sobre a eleição europeia trouxe a manchete: Nas eleições da UE, o centro mantém-se, mas a extrema direita ainda causa estragos. No conteúdo, o veículo também não discorre sobre a queda da esquerda e diz que grupos “centristas” estavam prestes a perder assentos.
Na França, o Le Monde repercutiu a decisão do presidente Emmanuel Macron de dissolver o Parlamento de seu país diante do fracasso de seu partido no pleito europeu. O jornal francês também deu grande destaque para a evolução do Rassemblement National (Reagrupamento Nacional, em português), da direitista Marine Le Pen, na eleição para o Parlamento continental.
Veículos britânicos como o The Times e o Daily Mail também trataram a eleição europeia apenas sob a ótica de vitória da direita e da decisão de Macron de dissolver o Parlamento francês. O The Times, por sinal, chegou até a dizer que a decisão de Macron, segundo comentaristas políticos franceses, seria um “suicídio político”. Sobre uma derrota da esquerda, nada foi escrito.
Outros jornais de grande porte ao redor do mundo, como o El País (Espanha), o La Nación (Argentina), o Bild (Alemanha) e o Le Soir (Bélgica) seguiram no mesmo rumo de direcionar seus noticiários para a repercussão que o certame político europeu teve na França. Em todos eles, o fortalecimento da direita, por vezes com a alcunha de “extrema”, também permeou as manchetes.
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Outras representações de direita e centro-direita também ampliaram seus espaços dentro do Parlamento continental da Europa, como os direitistas Grupo Europeu de Conservadores e Reformistas, que saltou de 69 para 73 parlamentares; e Identidade e Democracia, que avançou de 49 para 58 eurodeputados, impulsionado pelos 30 assentos obtidos na França.
A esquerda, por outro lado, viu suas bancadas diminuírem dentro do Parlamento Europeu. O principal grupo de centro-esquerda, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, perdeu cinco assentos e caiu de 139 para 134 eurodeputados. Já o grupo intitulado A Esquerda perdeu uma vaga, reduzindo seu espaço de 37 para 36 congressistas.
O grande perdedor da esquerda/centro-esquerda, no entanto, foi o chamado Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, cuja bancada era de 71 eurodeputados na atual composição, número que, nas previsões mais recentes, está caindo para 53 parlamentares. Ou seja, as principais representações de esquerda caíram de 247 para 223 assentos.
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