Paulo Moura - 25/10/2024 10h33
Uma audiência judicial viralizou nas redes sociais após o sócio de uma empresa que é alvo de um processo trabalhista se esconder debaixo de uma mesa para tentar enganar o juiz que dirigia o rito. O momento foi registrado durante uma audiência da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba realizada nesta quinta-feira (24).
O imbróglio começou após o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado notar que as janelas ao fundo do advogado Robison de Albuquerque e do cliente dele, Ricardo Machado, eram idênticas. Diante disso, o magistrado inicialmente perguntou a Robison se os dois estavam na mesma sala, o que o defensor negou.
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– O Ricardo [cliente] estava na mesma sala que o senhor? – indagou o juiz.
– Não. Ele está na sala de baixo – respondeu o advogado.
Com a negativa, o juiz pediu que o defensor filmasse ao redor da sala em que estava para ter certeza de que não havia mais ninguém no local. O advogado até cumpriu o pedido, mas só mostrou parte do espaço. O magistrado então insistiu que Robison fizesse uma gravação mais ampla da sala, e foi nesse momento que o cliente Ricardo se escondeu embaixo de uma mesa.
O ocorrido chegou a gerar risadas da autora do processo e de seu advogado, mas o juiz se revoltou e classificou o episódio como “piada”, “palhaçada” e “falta de respeito”. O magistrado prometeu notificar a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Paraná (OAB-PR) sobre o que aconteceu na audiência.
A ação em questão trata de um pedido de verbas rescisórias de R$ 20 mil por parte da autora do processo, o que é contestado pela empresa representada por Robison. Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) disse que o advogado “tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho no Paraná”.
O impedimento legal de que uma parte que ainda não prestou depoimento assista à oitiva da outra parte está prevista no art. 385, parágrafo 2°, do Código de Processo Civil, que diz: “É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte”. De acordo com o advogado Vitor Benin, que representa a autora da ação, teria sido exatamente isso que aconteceu.
– O Ricardo, por ser dono da empresa, não poderia ter ouvido o depoimento da autora, que aconteceu em um momento anterior da gravação, que não apareceu no vídeo que viralizou. Só que, por estar na mesma sala, ele acabou ouvindo, o que é contra a lei – ressaltou.
Robison, porém, se defendeu da acusação de que tenha ocorrido qualquer ilegalidade na audiência e disse que seu cliente apenas se abaixou para pegar um objeto que caiu no chão. Ele também a existência de regras que proíbam a presença do cliente no momento do interrogatório da autora.
– Era uma audiência trabalhista, com o reclamante e o reclamado. Não foi feita nenhuma orientação preparatória para que eles fossem ouvidos separadamente. Foi um desentendido, eles poderiam estar no mesmo lugar. Ele foi mexer em algo que caiu no chão – disse o advogado.
Confira o vídeo da audiência:
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