quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Socorristas procuram sobreviventes do hotel que desabou na Argentina Autoridades calculam que de sete a nove pessoas permaneçam soterradas abaixo de 10 metros de escombros. Um homem de 84 anos morreu

 metrópoles - 

 atualizado 

Reprodução/X
Imagem colorida Hotel desaba na Argentina

Continuam os trabalhos de resgate nos escombros do hotel que desabou, nessa terça-feira (29/10), na cidade balneária argentina de Villa Gesell. As autoridades calculam que de sete a nove pessoas permaneçam soterradas abaixo de 10 metros de escombros. Um homem de 84 anos morreu. O edifício passava por reformas. Quatro operários foram detidos, dois arquitetos podem ser responsabilizados e até a prefeitura é investigada.

Com a ajuda de cães farejadores, mais de 200 socorristas passaram a madrugada desta quarta-feira (30/10) na tentativa de encontrar sobreviventes da tragédia de Villa Gesell. O desabamento do Apart Hotel Dubrovnik comove a população argentina.

O resgate é minucioso, tijolo por tijolo, para evitar riscos adicionais às pessoas que continuam soterradas. A cada 20 minutos, os bombeiros pedem silêncio total para tentar detectar sinais de vida entre as ruínas. Já são mais de 24 horas de trabalhos entre escombros e ferros retorcidos.

Às 0h05 dessa terça no horário local, os vizinhos do estabelecimento ouviram um forte estrondo, mas não conseguiram identificar o motivo. Por volta de 0h30, o edifício de dez andares veio abaixo. Os 43 quartos viraram dez metros de escombros.

“Saí de casa assustado. Não conseguia entender o que tinha acontecido até que vi aquela nuvem de fumaça e de poeira que ficou em suspensão por meia-hora. Nunca tive tanto medo na minha vida”, conta Saul, porteiro do edifício de trás. O hotel fica na cidade balneária de Villa Gesell, a cerca de 400 km de Buenos Aires.

A queda foi como uma implosão, quase perfeita. A imperfeição, no entanto, foi uma leve inclinação à esquerda, suficiente para destruir parcialmente duas casas vizinhas.

“Estamos vivos porque ele não quis tomar um café”, conta Graciela, sobrevivente de uma das casas. A moradora conta que perguntou ao marido, Rubén, se queria tomar um café como de costume. A resposta, desta vez, por sorte, foi negativa. Se fosse positiva, o casal teria ido à cozinha, justamente a parte da casa danificada pelo edifício.

O casal foi resgatado pelos bombeiros através de uma pequena janela do segundo andar da casa.

Primeira vítima

Na outra casa, havia um casal de turistas que haviam chegado um dia antes ao local. Os bombeiros conseguiram resgatar a esposa, Josefa Bonazza, de 79 anos, sem lesões graves. Mas o marido, Federico Ciocchini, de 84 anos, morreu.

Não há certeza de quantas pessoas havia no hotel. As autoridades trabalham com um número entre sete e nove soterrados: a ex-dona do hotel (que já tinha vendido a propriedade recentemente), um sobrinho e uma ajudante. Os demais seriam operários.

Villa Gesell é uma cidade de veraneio. O hotel estava fechado para reformas, visando a temporada de verão. Por isso, não havia hóspedes. Apenas pessoas que cuidavam do prédio construído há 38 anos.

As investigações devem determinar se parte das obras eram ilegais. Há suspeitas de que a reforma possa ter afetado a estrutura do edifício.

Detenções

Quatro pessoas foram detidas na investigação aberta após o desabamento: um mestre de obras e três pedreiros. Eles estavam na parte dianteira do hotel, que não sofreu danos severos. Dois arquitetos também são investigados.

Em nota, a Prefeitura de Villa Gesell disse que “a obra era clandestina porque não tinha autorização municipal”. Porém, a Prefeitura é objeto de investigação por parte da Promotoria.

O hotel tinha autorização apenas para remodelações menores em carpintaria, revestimentos e pinturas. Também para a instalação de um elevador, mas na parte dianteira, que não foi atingida.

A Justiça argentina quer saber quantas pessoas ainda podem estar sob os escombros e qual tipo de obra era executada para que o prédio entrasse em colapso.

As investigações, por enquanto, são por “dano culposo”, que, em caso de morte, prevê uma pena de até cinco anos de prisão e inabilitação por até dez anos.

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