quarta-feira, 13 de novembro de 2024

PM que escoltava delator do PCC optou por “proteger a própria vida” Soldado usava arma da corporação para fazer a segurança particular do delator do PCC executado em aeroporto de São Paulo, em Guarulhos

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Reprodução/SBT
Antonio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos - Metrópoles

São Paulo — O soldado da Polícia Militar que escoltava Vinícius Gritzbach na viagem ao nordeste que precedeu a execução do delator no Aeroporto Internacional de São Paulo, na última sexta-feira (8/11), prestou depoimento à Corregedoria da corporação e disse desconhecer que a vítima era jurada de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Além disso, afirmou não ter reagido ao ataque para “proteger a própria vida”.

Lotado no 18º Batalhão, na região da Freguesia do Ó, Samuel Tillvitz da Luz, de 29 anos, contou, em depoimento obtido pelo Metrópoles, que havia sido contratado por Gritzbach há um ano para trabalhar como segurança da namorada do chefe. Foi com o casal, além de Danilo Lima, funcionário do delator, que o PM embarcou em um viagem para Maceió (AL), onde permaneceu por sete dias.

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

O soldado confessou ter levado a arma de uso profissional, pertencente à PM de São Paulo, para realizar a segurança contratada de forma particular. Segundo ele, a viagem aconteceu durante um “afastamento regulamentar” obtido por folgas mensais acumuladas.

Procuradas, a corporação e a SSP não confirmaram a informação até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.

“Salvar a vida”

Gritzbach e a namorada foram até Maceió, segundo o soldado, onde procuravam um imóvel para alugar nas festas de fim de ano. Durante o período, o PM chegou a escoltar Danilo Lima no recebimento de joias, avaliadas em milhões de reais, usadas para pagamento de uma dívida ao delator. O policial, porém, garantiu que desconhecia o conteúdo recebido pelo funcionário de Gritzbach.

De volta a São Paulo, no aeroporto, Tillvitz ficou responsável por acompanhar Gritzbach e a namorada do empresário, Maria Helena Paiva Antunes, de 29 anos. Uma equipe com mais três seguranças, que deveria estar aguardando o casal, não estava no local porque o carro blindado usado por eles havia quebrado em um posto de combustíveis, a caminho do aeroporto. O soldado da PM, porém, afirmou não ter sido avisado sobre o ocorrido.

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Quando atravessaram a porta de vidro do terminal 2, Tillvitz disse ter se posicionado em frente ao casal e caminhado em direção a Danilo Lima, “quando ouviu disparos de arma de fogo nas imediações”.

Após ouvir os tiros, o PM afirmou ter se abrigado atrás de um ônibus. Tillvitz afirmou não ter mais visto Gritzbach após os disparos. Ele, no entanto, encontrou a namorada do delator cinco minutos depois, no piso térreo.

Ao ser questionado por que não reagiu aos tiros em defesa, o soldado justificou que “entendeu estar em desvantagem e decidiu por proteger a sua própria vida”.

O PM disse, ainda, que Lima estava desarmado e decidiu não reagir ao atentado porque “não teria apoio”.

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PMs investigados

Os policiais militares responsáveis pela segurança de Vinícius Gritzbach foram afastados das atividades na corporação e passaram a ser investigados. Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, momentos antes do ataque ao empresário, pararam em posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada dele.

Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, a caminhonete não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido até o local.

“Testemunhas e partes envolvidas já prestaram depoimento e os policiais militares que faziam a segurança de uma das vítimas foram afastados de suas atividades operacionais até o fim das investigações”, informou a SSP.

Câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que dois homens de capuz descem de um carro preto e disparam contra Vinícius. Ele morreu na hora. Um motorista, que transportava clandestinamente passageiros, foi atingido por uma bala perdida e também morreu.

Pedido de proteção

O advogado Ivelton Salotto, que defendia Vinícius em dois processos, afirma que o empresário havia solicitado proteção ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). A solicitação, porém, não teria sido atendida.

O pedido ocorreu pouco antes de fechar um acordo de delação, com o qual ajudou na investigação de um núcleo do PCC envolvido com a lavagem de dinheiro.

Vinícius chegou a ficar preso, preventivamente, pela acusação de duplo homicídio. Ele foi solto, em junho do ano passado, por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para responder às acusações em liberdade. Fontes do Judiciário paulista afirmaram ao Metrópoles, na ocasião, que a soltura representava riscos à vida do empresário.

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