Estadão
Quer se manter informado, ter acesso a mais de 60 colunistas e reportagens exclusivas?Assine o Estadão aqui!
O senador e ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) chamou de “fanfarronada” o plano de golpe de Estado revelado pela Polícia Federal na Operação Contragolpe e disse que não havia apoio das Forças Armadas para que o objetivo fosse concretizado. Ele criticou o indiciamento de 37 pessoas realizado pela corporação, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado pelos policiais como o líder da organização criminosa, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“Nós temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva, que em tese montaram um plano sem pé nem cabeça que eu nem consigo imaginar como uma tentativa de golpe. Tentativa de golpe tem que ter o apoio de parcela expressiva das Forças Armadas”, disse o senador na sexta-feira, 22, em seu podcast Bom dia, Mourão.
Ele ainda minimizou as informações trazidas pela PF de que um grupo de militares tramou os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Se meia dúzia, de três ou quatro, resolveu escrever bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem? Vou deixar para os juristas. Eu vejo crime quando você parte para a ação. Se tivesse feito uma emboscada contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente da República, disparado contra ele. Nada disso aconteceu. Ficou tudo no terreno da imaginação”, acrescentou Mourão.
Juristas apontam que os atos descritos no relatório da Polícia Federal são suficientes para caracterizar os atos dos militares como tentativa de golpe, o que pela legislação brasileira é considerado crime. O entendimento, porém, não é unanimidade e há quem avalie que as ações do grupo se enquadram apenas como atos preparatórios e, portanto, não seriam passíveis de punição.
O ministro do STF Gilmar Mendes refutou essa última tese durante um congresso em São Paulo na quinta-feira, 21. “A tentativa de qualquer atentado contra o Estado de Direito, ela já é em si criminalizada, de modo que já é um crime consumado. Até porque, quando se faz o atentado contra o Estado de Direito e ele se consuma, o Estado já não mais existe”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário