Estadão
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que vai anunciar nesta segunda-feira, 10, tarifas de 25% sobre alumínio e aço importados pelo país. A decisão atinge o Brasil, que exporta esses produtos para os EUA. Procurado, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) afirmou que não vai se manifestar.
O Brasil está entre os maiores fornecedores de aço para os EUA. Em 2024, foi o segundo maior exportador do produto para o país norte-americano, atrás apenas do Canadá, de acordo com o American Iron and Steel Institute.
Segundo o Instituto Aço Brasil, no ano passado, os EUA responderam por 60,6% do volume de produtos siderúrgicos exportados pelo Brasil - em valores, a fatia foi de 54,1%. No total, foram 5,8 milhões de toneladas destinados ao país norte-americano, com valor total de US$ 4,7 bilhões.
Falando do Air Force One a caminho do Super Bowl, o presidente disse que as tarifas sobre metais se aplicariam a “todos”, incluindo Canadá e México, seus maiores parceiros comerciais. “Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos vai ter uma tarifa de 25%,” disse Trump. “Alumínio, também.”
‘Base técnica não tem’
“Base técnica não tem, mas muitas coisas que Trump está adotando não têm base técnica. Essa é mais uma”, afirma o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, alertando para o efeito colateral nos EUA. “Aço é matéria-prima para indústria americana. Ao tributar o aço, ele aumenta o custo de produção da indústria americana, ou seja, aumentando a inflação.”
No caso do Brasil, Castro estima que o País teria dificuldade para exportar metade do aço que vende para os Estados Unidos, caso as tarifas de 25% sejam de fato aplicadas. “Sem dúvidas, as tarifas vão atingir o Brasil”, disse. Ele pondera, contudo, que será preciso esperar os detalhes da medida anunciada por Trump para avaliar o impacto real.
Durante seu primeiro mandato, em 2018, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu cotas isentas a parceiros comerciais como Canadá, México, União Europeia e Brasil.
“O Brasil teve sobretaxa no alumínio e cota no aço, o que acabou prejudicando muito as exportações brasileiras para lá. Com mais essa tarifa de 25%, vai ficar complicado ainda exportar para o mercado americano”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil. “Algo que teremos de ver é se Trump vai colocar também (tarifas) sobre o ferro, porque o Brasil exporta muito ferro e muito minério de ferro. Provavelmente, não será afetado. Teremos de avaliar depois.”
‘Resposta em uma hora’, diz Alemanha
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que a União Europeia está preparada para reagir “dentro de uma hora” a eventuais tarifas dos Estados Unidos a produtos europeus.
Em debate eleitoral com o líder da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, Scholz foi questionado se o bloco teria um plano para reagir a medidas tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump.
“Sim, da forma mais cautelosa e diplomática possível”, respondeu. “É por isso que insisto que sigamos com as regras comuns da União Europeia”, acrescentou ele, que reconheceu que a Alemanha seria um dos países mais prejudicados por tarifas.
Tarifas recíprocas
O republicano também disse que deve anunciar, na terça ou quarta-feira, tarifas recíprocas a países que “tiram vantagem” dos EUA.
“Não vai afetar todos os países, porque há alguns com os quais temos tarifas similares; mas com aqueles que estão tirando vantagem dos EUA, teremos reciprocidade”, afirmou.
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O chefe da Casa Branca disse que o Canadá não seria um país se não fosse pelo comércio com os Estados Unidos. Para ele, os canadenses pagariam metade dos impostos pagos hoje se aceitassem tornar o território o 51° Estado americano.
A decisão de Trump de taxar aço e alumínio e impor tarifas recíprocas vem na sequência de várias outras ameaças comerciais. Após ameaçar o Canadá e o México com tarifas de 25%, Trump concedeu a ambos um adiamento de 30 dias em 3 de fevereiro. Ele também anunciou uma cobrança de 10% a importações chinesas.
As tarifas retaliatórias da China contra produtos americanos entraram oficialmente em vigor neste domingo, 9. A medida pode atingir US$ 14 bilhões em produtos dos EUA./Com NYT
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