Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos no início deste ano, Donald Trump manteve contato direto com pelo menos 34 chefes de Estado ao redor do mundo. Contudo, entre esses líderes, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não figura na lista.
Segundo levantamento realizado pelo portal Poder360, Trump participou de 21 encontros presenciais e conversas por telefone com governantes estrangeiros. Com líderes de nações como Canadá, Israel, Rússia, Ucrânia, Índia e Reino Unido, o republicano teve contato em pelo menos quatro ocasiões distintas.
No entanto, o Brasil permanece fora desse circuito de interlocução diplomática. Nenhuma iniciativa partiu, até o momento, nem de Trump nem de Lula, num contexto marcado por crescentes tensões bilaterais. Um dos episódios mais emblemáticos foi o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que entrará em vigor no próximo dia 1º de agosto.
De acordo com Trump, a medida é uma resposta ao que considera um “sentimento antiocidental” por parte do Brics — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e, mais recentemente, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. A busca de alternativas ao dólar, defendida por Lula em fóruns internacionais, é interpretada pelos norte-americanos como um sinal claro dessa orientação.
A relação azedou ainda mais com as críticas dos EUA ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusado por autoridades americanas de censurar plataformas e usuários de redes sociais do país. Também pesa o desconforto com as ações judiciais movidas no Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes de seu círculo político. Para Trump, trata-se de uma “caça às bruxas” contra a direita que “precisa ser interrompida imediatamente”.
Em outro movimento contundente, o governo americano, sob orientação direta de Trump, iniciou uma investigação comercial contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos. A apuração, formalizada na terça-feira (15), levanta suspeitas sobre práticas consideradas desleais, como a suposta priorização do sistema Pix, comércio de produtos falsificados, falhas na fiscalização anticorrupção, desmatamento ilegal e barreiras ao etanol americano.
Questionado na última sexta-feira (11) por jornalistas em frente à Casa Branca, Trump declarou que poderá conversar com Lula sobre o assunto “em algum momento”, mas “não agora”.
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