O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), coordena uma campanha internacional para que os Estados Unidos classifiquem o Comando Vermelho (CV) como organização terrorista. A iniciativa, em andamento há pelo menos seis meses, conta com apoio de outros governadores brasileiros alinhados à direita e busca aplicar sanções econômicas contra a facção criminosa.
A estratégia pretende replicar medidas já adotadas pelo governo norte-americano contra organizações como o cartel mexicano Los Zetas e o grupo venezuelano Tren de Aragua, permitindo ações mais efetivas contra as estruturas financeiras dessas organizações.
No primeiro trimestre de 2025, a administração fluminense enviou à Embaixada dos EUA um documento confidencial defendendo a proposta. O relatório, intitulado "Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas Listas de Sanções e Designações dos EUA", descreve a facção brasileira como "sofisticada, transnacional e brutal".
O documento argumenta que a classificação como grupo "terrorista" facilitaria processos de extradição de líderes do CV escondidos em países vizinhos, especialmente no Paraguai e na Bolívia, onde a organização mantém operações.
A proposta também prevê cooperação direta com organizações internacionais como a Interpol, a DEA, o Departamento Federal de Investigação dos EUA e a ONU para combater o tráfico de drogas e armas controlados pelo grupo criminoso.
Um ponto importante destacado no relatório enviado por Castro é o impacto das sanções sobre a rede econômica do Comando Vermelho. Se aprovada, empresas de fachada e parceiros financeiros da organização no exterior seriam diretamente afetados pelas restrições americanas.
Em Brasília, o governo de Lula da Silva demonstra preocupação com possíveis consequências negativas da medida. A avaliação é que instituições financeiras brasileiras poderiam ser prejudicadas caso tenham alguma conexão, mesmo indireta, com contas sob investigação relacionadas ao CV.
O governo federal teme que bancos do Brasil possam ser excluídos do Swift, sistema global de pagamentos interbancários, se forem incluídos no regime de sanções americano. Assessores de Lula expressam receio de que os EUA utilizem a classificação como pretexto para intervenções em território brasileiro.
Em maio deste ano, David Gamble, assessor do Departamento de Estado dos EUA, visitou o Brasil para discutir sanções contra redes criminosas transnacionais. A visita evidenciou tensões sobre o tema, já que nenhum representante da Polícia Federal brasileira participou de reuniões com o enviado americano.

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