JCO
28/11/2025 às 09:13
A primeira mega motociata da história do Brasil ocorreu no Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021 (num domingo) e reuniu mais de 60 mil motos. A Motociata Carioca foi inspirada no passeio que o Presidente Bolsonaro realizou em Brasília no Dia das Mães (também num domingo) e que foi amplamente divulgado nas redes sociais, reunindo cerca de mil motociclistas.
Três dias antes da realização do evento na Cidade Maravilhosa as estradas estavam lotadas. Eram comboios e mais comboios vindos do interior do Rio e de outros estados. Todos atenderam o chamado da AMO-RJ (Associação dos Motociclistas do Estado do RJ). Foi o sucesso da Motociata Carioca que abriu caminho para a realização das demais.
E qual a razão desse sucesso todo? Por que esse comparecimento massivo? A resposta é simples: porque tivemos a maior das lideranças convocando a todos – o próprio Bolsonaro. Se não fosse a pessoa dele convidando os brasileiros, não teríamos esse enorme rebanho presente.
Se a presidência da AMO-RJ repetisse esse convite agora, o comparecimento seria ínfimo. Viveríamos um verdadeiro vexame. Primeiro, porque a situação do Brasil, hoje, é outra. Todos ficariam com medo de serem presos – e segundo, porque não temos uma liderança da direita, com representatividade, para endossar o convite.
Poderíamos entupir os veículos de comunicação com a divulgação da motociata que continuaria sem a presença dos motociclistas. No máximo, os dirigentes da AMO-RJ conseguiriam ser presos por “atentar contra o estado democrático de Direito”.
O Brasil nunca precisou tanto de suas lideranças. Mas onde elas estão? Sumiram! É verdade que a metade das vozes autorizadas da direita está presa em razão dessa ditadura instalada no país. Mas e a outra metade? Cadê os deputados bolsonaristas? Os senadores, governadores e vereadores? Cadê os partidos da direita? Evaporaram!
Não abandonaram apenas o Bolsonaro, mas o país.
Quem tem que se mexer é o povo, mas sem liderança no comando a população não vai sair da inércia. Somente a sociedade tem a força para mudar esse panorama, mas onde está a liderança para fazer o povo reagir? Que vergonha!
Falam de eleições em 2026 como se não estivesse acontecendo nada, como se o ex-presidente não estivesse preso.
Senhores deputados, infelizmente vocês se elegeram para isso – para representarem o povo – vocês são a voz do povo – e precisamos cobrar de vocês uma atitude mais enérgica – uma postura mais firme e mais ativa na condução dessa representatividade. Vocês estão aí para isso mesmo!
No final dessa história, se nada for feito, vocês serão os maiores culpados. Vocês não podem ter medo. Os senhores estão investidos na função pública exatamente com essa finalidade. Não sejam covardes. Força e coragem! Assumam a responsabilidade de vocês! Não traiam seus eleitores que os elegeram.
O Brasil passou do risco político para o risco estrutural. O risco político atinge pessoas – opositores políticos. O risco estrutural atinge o sistema inteiro. O ministro-imperador já mantinha o Congresso Nacional e a Presidência da República sob o seu controle – e agora colocou os militares de joelhos ao determinar a prisão dos generais mais respeitados das Forças Armadas. Já não há limites constitucionais e nem freios para Alexandre de Moraes – os poderes já não reagem mais – ou seja – ele redefiniu o que é “legal” e “ilegal”.
Risco político se corrige com eleições, debates e alternância de poder. Risco estrutural só se corrige com ruptura.
Chamem do que quiserem: guerra civil, desobediência civil, manifestação geral, revolução etc. Se não houver uma ruptura, uma quebra no estado de Direito, perderemos o país para a quadrilha de comunistas, corruptos e ditadores que tomou conta do Brasil, através da última eleição, fraudada até na alma.
A ajuda não virá de fora. Não contem com nenhuma interveniência americana. Da mesma forma, não esperem que as FFAA salvem o país. Tanto os americanos quanto as FFAA só entram no circuito se o povo reagir primeiro – há que ocorrer uma convulsão social para que haja uma intervenção dessas – e para o povo reagir faz-se mister que as lideranças políticas provoquem essa reação.
Portanto, senhores eleitores, cobrem de seus políticos que arrisquem suas cabeças convocando o povo para uma reação popular. Somente assim sairemos do risco estrutural que nos encontramos.
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.


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