A Polícia Federal identificou uma relação de proximidade entre o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), o desembargador Macário Ramos Júdice Neto e o cantor Belo. A descoberta faz parte da segunda fase da Operação Unha e Carne, deflagrada nesta terça-feira (16/12), que investiga o vazamento de dados sigilosos para o Comando Vermelho.
Diálogos interceptados pela PF mostram trocas de mensagens que evidenciam uma relação que ultrapassa o âmbito profissional. Em uma comunicação de 23 de outubro de 2025, Bacellar escreveu ao desembargador: "Vc é irmão de vida" e "Não se desgaste por nada porque o melhor nós temos, irmão, que é amizade para vida e reciprocidade". Júdice Neto respondeu com "Me liga" e "Foi positiva a conversa".
A investigação também documentou a proximidade entre Bacellar e o cantor Marcelo Pires Vieira, conhecido como Belo. Em agosto deste ano, o artista enviou mensagens como "Eu te amo" e "Beijos para você e para nossa família", às quais o deputado respondeu chamando-o de "irmão".
Documentos da PF indicam que Bacellar e Júdice Neto se encontraram na Churrascaria Assador, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, um dia antes da deflagração da Operação Zargun, em 3 de setembro. Durante este encontro, TH Joias enviava mensagens a Bacellar sobre destruição e evasão de provas, conforme análise do celular de Thiago Raimundo dos Santos (TH Joias) e imagens de câmeras de segurança do Condomínio Mansões.
A operação atual resultou na prisão preventiva do desembargador Macário Ramos Júdice Neto e no cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão contra Rodrigo Bacellar. As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e executadas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Na primeira fase da operação, Bacellar foi detido sob suspeita de compartilhar dados da Operação Zargun, que prendeu TH Joias, ex-deputado estadual. Mensagens encontradas no celular de Bacellar sugerem que Júdice Neto teria repassado informações sobre a operação contra TH Joias.
Júdice Neto voltou à magistratura em 2023, após 17 anos afastado por atuação considerada controversa quando era juiz federal no Espírito Santo. Em 2005, o TRF-2 determinou seu afastamento durante uma ação penal que investigava possível venda de sentenças. O desembargador está detido na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Bacellar, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), havia sido libertado após decisão do plenário da Casa e responde em liberdade usando tornozeleira eletrônica. Com esta nova fase da operação, ele voltou a ser alvo de buscas pela PF

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