Bolsonaro é mantido como refém. Muita gente aponta para a esquerda como responsável pela onda autoritária no Brasil — que culminou na prisão do principal líder da direita, após a perseguição e detenção de centenas de pessoas. No entanto, poucos mencionam a responsabilidade do Centrão nesse processo.
O Centrão quer Bolsonaro preso porque se sente ameaçado pelo movimento que ele impulsionou e que o levou à Presidência. Agora, deseja mantê-lo fora da disputa para eleger alguém mais alinhado aos seus interesses. Sua prisão torna-se, assim, moeda de troca: o objetivo é negociar um acordo que garanta a transferência de votos para o candidato do grupo — no caso, o governador Tarcísio.
Liberdade, ou semi-liberdade, em troca de apoio. A sinalização de que Bolsonaro poderia apoiar a candidatura de seu filho, Flávio, provocou verdadeiro pânico no mercado hoje. Talvez Bolsonaro enfim tenha percebido o erro de confiar em certos “aliados”, como Temer — desde a trágica carta de desculpas a Moraes, que se tornou o prego definitivo em seu caixão político.
A informação sobre o apoio a Flávio ainda não foi confirmada, mas a reação do mercado mostra como o “Trade Tarcísio” tem sido o grande motor da alta da Bolsa e da queda do dólar nos últimos meses.
Não acredito que permitirão que Flávio seja candidato. Como sabemos, bastam algumas canetadas supremas para retirá-lo da disputa — ou até mesmo prendê-lo. Mas, sem o apoio explícito de Bolsonaro, as chances do candidato do Centrão diminuem sensivelmente.
A verdade é que se o establishment quiser, independentemente da esquerda, Bolsonaro é solto amanhã, assim como os perseguidos políticos.
Leandro Ruschel.

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