O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira, 31, que trabalha para garantir a “sustentação política” ao governo Lula 3 no Congresso Nacional. A declaração ocorre em meio às tratativas da minirreforma na Esplanada dos Ministérios para a entrada de representantes do Progressistas e do Republicanos ao primeiro escalão do governo. Em publicação nas redes sociais, o político alagoano afirmou que a escolha dos ministros é “prerrogativa exclusiva do presidente da República”, mas que “continua trabalhando” junto ao Palácio do Planalto. “Cabe a ele estabelecer um diálogo republicano com as direções e os líderes partidários. Continuo trabalhando junto a eles para fazer a composição adequada para o governo obter a necessária sustentação política no Congresso Nacional, conforme diálogo mantido com o presidente da República, após a votação da reforma tributária. À presidência da Câmara dos Deputados cabe, prioritariamente, manter a relação institucional com a Presidência da República para buscar a aprovação de matérias de interesse do país”, escreveu Lira.
A cobrança pública de Lira ocorre no momento de indefinição sobre a dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios. Como mostrou o colunista Claudio Dantas, da Jovem Pan News, o Planalto trabalha com a possibilidade de adiar a reforma ministerial, em razão dos sinais positivos na economia. Oficialmente, ministros do núcleo político do governo devem seguir prometendo cargos nas próximas semanas, a fim de obter a aprovação do arcabouço fiscal, que voltou à Câmara, única pauta que ainda importa efetivamente. Por isso, espera-se que Lira estique ao máximo a corda para a votação do arcabouço que foi modificado no Senado.
Na semana passada, Arthur Lira já havia falado sobre “atropelos” na condução das discussões sobre a reforma na Esplanada dos Ministérios. Em conversa com jornalistas após almoço-debate do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), o presidente da Câmara foi questionado sobre o tema e disse que o assunto “não era para tratar agora”. “Esse não é um assunto prioritário para a presidência da Câmara. O presidente Lula está imbuído de resolver esse assunto. Tem que ser no tempo do governo, da maneira que o governo achar, e aí sim ele me chama oficialmente”, afirmou, criticando a forma como o tema vem sendo tratado nos bastidores. “Penso que esse assunto está sendo, de uma certa forma, atropelado. Isso não ajuda na governabilidade. E eu acho que o governo tem que ajudar a se facilitar”, acrescentou o deputado.
Como o site da Jovem Pan mostrou, o presidente Lula já admitiu que o Planalto está aberto a negociar com partidos do Centrão para aproximá-los e “dar tranquilidade ao governo”. Inicialmente, a expectativa era que o mandatário se reunisse com Arthur Lira na semana passada para definir os caminhos da minirreforma ministerial e acomodar membros do oposição. Entretanto, a conversa foi adiada após indefinição quanto aos ministérios disponíveis. “É normal que, se esses partidos quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo, e você tentar arrumar um lugar para colocar para dar tranquilidade ao governo nas votações que nós precisamos para melhorar, aprimorar o funcionamento do Brasil”, afirmou Lula na semana passada ao negar, no entanto, que vá ceder a exigências das legendas.