Foto: Reprodução.
Rainha do Peladão, dona de salão e ‘guru’ de seita: Quem é Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja, presa por tráfico
Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja e Ademar, foi presa na última quinta-feira por envolvimento com tráfico de drogas, após a morte da filha em Manaus. Dona da rede de salões de beleza da família, ela é apontada pelas investigações como a mente por trás de uma seita que pode estar ligada à morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido. A organização, batizada de “Pai, Mãe, Vida”, criada pela família, tinha forte cunho religioso e se baseava no uso de drogas para acessar “outras dimensões”.
De acordo com a polícia, os três acreditavam ser, respectivamente, Maria Madalena, Maria e Jesus Cristo. Além da prisão dos dois, também foram expedidos mandados contra três funcionários da rede de salões Belle Femme.
O nome da seita aparece em publicações no Instagram de Cleusimar, onde ela agradece pela natureza e fala sobre um processo de emagrecimento que viveu até meados do ano passado. Nas redes sociais, ela compartilhava especialmente conteúdos sobre os salões, mas também abordava sua vida pessoal.
Assim como a filha, Cleusimar foi vencedora do concurso Rainha do Peladão em 1984, eleita pelo voto popular aos 14 anos. Em 2021, após deixar o posto de sinhazinha do Boi Garantido, Djidja foi convidada para participar do reality show “A Bordo – O Reality”, da emissora amazonense TV A Crítica, um concurso de beleza que confina mulheres em um barco em Manaus. Djidja saiu vitoriosa da competição, se consagrando como a “Rainha do Peladão” daquela edição também por voto popular e levando para casa um prêmio de R$ 30 mil.
Prisão
Cleusimar e o filho foram presos na quinta-feira sob mandado de prisão preventiva por tráfico de drogas e envolvimento com o tráfico. Ademar também foi alvo de um mandado pelo crime de estupro. Os mandados de prisão também foram expedidos contra três funcionários da rede de salões.
A audiência de custódia, realizada na sexta-feira, confirmou a legalidade da prisão preventiva de Cleusimar e Ademar. De acordo com seu advogado, Vilson Benayon, a mãe e o irmão da ex-sinhazinha não foram ouvidos, já que não estavam em condições de depor no momento da prisão, muito alterados pelo uso de drogas. Segundo ele, grande parte do faturamento dos salões Belle Femme era direcionado para alimentar o vício.
Uso de Drogas
Segundo o delegado, durante as operações nas unidades da rede de salões, foram encontradas centenas de seringas, algumas prontas para serem usadas, além de doses da droga.
— Pedimos o toxicológico e a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência. Ontem estavam de um jeito, hoje estão de outro. O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte — afirmou o advogado, ao GLOBO.
Após a prisão, a mãe e o irmão disseram à defesa que chegaram ao estágio atual de vício em menos de um ano de uso. Eles obrigavam funcionários de uma rede de salões de beleza a consumirem ketamina, um tipo de droga com efeitos alucinógenos.
Segundo a defesa, Cleusimar e Ademar estavam em estado de insanidade mental, sem qualquer noção da realidade enquanto sob efeito da droga. Ainda conforme o advogado, não havia venda dos medicamentos por parte da família; eles adquiriam as drogas apenas para uso próprio.
Convite para Seita
O delegado Cícero Túlio, que lidera as investigações do caso Djidja, relatou que foi convidado por Cleusimar a ingressar na seita Pai, Mãe, Vida.
Durante uma entrevista em um programa na TV A Crítica, o delegado relatou algumas falas da mãe de Djidja enquanto ela estava em contato com a equipe policial, após ser presa com o filho Ademar. Os dois foram alvo de mandados de prisão pelos crimes de tráfico de drogas e associação ao tráfico.
“Tivemos uma conversa para compreender melhor os conceitos que eles colocavam nessa seita e como eram encarados. Em certo momento, ela me disse que eu precisava estar inserido para entender, que isso transcende para outra dimensão”, contou o delegado.
Morte de Djidja Acelerou Investigação
Morta no início desta semana, Djidja Cardoso era investigada pela Polícia Civil do Amazonas por fazer parte dessa seita com a família. Eles obrigavam funcionários de uma rede de salões de beleza a consumirem ketamina, um tipo de droga com efeitos alucinógenos.
— A morte tem peculiaridades, principalmente pela possibilidade de uso de fármacos psicotrópicos. Há a possibilidade de ter havido um abuso que levou ao óbito dela (…) Não trabalhamos ainda com a hipótese de homicídio. Para que eu possa dizer que teve uma morte violenta e um homicídio, preciso de elementos de autoria. É o que estamos levantando — explicou o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.
As investigações começaram há cerca de 40 dias, e a droga era obtida de forma irregular em uma clínica veterinária. Vítimas relataram aos policiais terem sido dopadas e mantidas em cárcere privado.
— Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas — disse o delegado Cícero Túlio.
Antes da prisão, a mãe de Djidja Cardoso compartilhou em suas redes sociais uma nota. “A família de Djidja Cardoso se encontra consternada já que, diante da dor de sua partida, está sendo obrigada a lidar com notícias falsas e polêmicas quanto à causa de sua morte”, diz o texto.
Com informações de O Globo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário