metrópoles Maria Eduarda PortelaDaniela Santos
atualizado
ouvir notícia |
Avesso a embarcar em guerra comercial com o país mais rico do mundo, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem discutido medidas para responder às tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, às importações de aço e alumínio. A estratégia adotada pela gestão petista é manter cautela diante dos anúncios do mandatário dos EUA.
Entenda o caso:
- Donald Trump irá impor tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio nos EUA, com vigência a partir de março.
- O Brasil é um dos principais exportadores de aço para os EUA, ao lado do Canadá e México.
- Em 2019, no primeiro mandato, Trump havia aumentado as tarifas sobre aço e alumínio do Brasil, mas voltou atrás após acordo.
- No ano passado, o Brasil exportou aproximadamente 4 milhões de toneladas para os EUA, representando 15,5% das importações norte-americanas.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se na terça-feira (11/2) com a equipe de comércio do Itamaraty para discutir o aumento das taxas sobre o aço brasileiro. No entanto, nenhuma medida foi anunciada. A previsão é de que novas conversas aconteçam ao longo dos próximos dias para avaliar o alcance das medidas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem buscado informações para apresentar possíveis soluções em reunião com Lula, mas ainda não há data para o encontro acontecer.
Donald Trump anunciou, no domingo (9/2), que irá impor sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, mas o aumento da alíquota só entra em vigor em março. A medida teve repercussão imediata dentro da indústria brasileira.
Brasil, Canadá e México são os maiores exportadores de aço para os Estados Unidos. No acumulado de 2024, a indústria brasileira vendeu cerca de 4 milhões de toneladas aos Estados Unidos, o que corresponde 15,5% de tudo o que o país importou, segundo o governo norte-americano.
Ainda de acordo com Haddad, a decisão de Trump é algo considerado “genérico”, mas o governo tem acompanhado a situação.
“Mas nós [da Fazenda] estamos acompanhando, primeiro sabendo a minúcia da decisão, segundo observando quais as implicações que isso vai ter, porque não é uma decisão contra o Brasil, é uma coisa genérica para todo mundo. Observamos as relações do México, do Canadá, da China, esse respeito”, disse o ministro da Fazenda.
Não é a primeira vez que Trump adota o aumento de taxas ao aço e ao alumínio brasileiros. No seu primeiro governo, em 2019, o presidente norte-americano agiu da mesma forma em relação a alíquotas dos produtos oriundos do Brasil. Após um acordo, porém, recuou.
“Brasil e Argentina têm liderado desvalorização maciça das próprias moedas, o que não é bom para os nossos produtores. Por isso, eu vou restaurar as tarifas sobre aço e alumínio que são enviados para os Estados Unidos pelos países”, afirmou Trump na época.
Reações do mercado
Por meio de nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que buscará diálogo com os Estado Unidos a fim de reverter a decisão de impor tarifas aos produtos brasileiros.
“Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida. Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países”, enfatizou a CNI.
As estimativas do Instituto Aço Brasil é de que os Estados Unidos foram responsáveis por 60% do volume de exportações dos produtos siderúrgicos brasileiros em 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário