As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos sofreram uma queda acentuada nos últimos três meses, antecipando os efeitos do novo tarifaço comercial anunciado pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump. As novas tarifas, que devem entrar em vigor no dia 1º de agosto, preveem sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), reunidos pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o volume embarcado caiu de 47,8 mil toneladas em abril para apenas 9,7 mil toneladas em julho — uma retração de 79,7%. Os números de julho ainda não incluem os últimos dez dias do mês, o que pode acentuar ainda mais a queda.
Preços em alta, mas com volume em queda
Apesar da redução nos embarques, o preço da tonelada da carne brasileira subiu. O valor médio passou de US$ 5,2 mil em abril para US$ 5,85 mil nesta semana, uma valorização de 12,5%. A alta, no entanto, não compensa a queda expressiva no volume exportado.
Cenário comercial incerto
O tarifaço norte-americano deve impactar diretamente as vendas brasileiras. Até o momento, não houve avanço em negociações bilaterais nem sinalização de prorrogação do prazo para as novas tarifas. As medidas devem afetar não só o setor de carnes, mas outros produtos do agro nacional que enfrentam forte concorrência com os norte-americanos em mercados como soja e algodão.
EUA são destino estratégico da carne brasileira
Entre janeiro e junho deste ano, o Brasil exportou 181,5 mil toneladas de carne bovina aos EUA, movimentando US$ 1,04 bilhão — alta de 112,6% em volume e 102% em valor na comparação com o mesmo período de 2024.
Mesmo com as cotas anuais impostas pelo governo norte-americano — atualmente em 65 mil toneladas com tarifas reduzidas — o Brasil vinha superando esse limite, atuando com força no mercado americano.
Hoje, os EUA são o segundo maior destino da carne bovina brasileira, atrás apenas da China, além de ocupar o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais do agronegócio nacional. Em 2024, as exportações do agro brasileiro aos EUA somaram US$ 12 bilhões, com destaque para carnes, grãos e produtos florestais.
Setor atento aos próximos passos
A possível consolidação do tarifaço tende a pressionar o escoamento da produção e pode provocar reflexos nos preços internos. O setor acompanha com cautela a evolução das tratativas diplomáticas, que estão sendo lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin junto ao governo dos EUA.
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