BRASÍLIA (Reuters) - O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro Paulo Cunha Bueno defendeu que seu cliente não chegou a aderir a qualquer plano de golpe de Estado e que ele não seria beneficiado caso houvesse uma ruptura institucional do tipo.
Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira, Cunha Bueno disse ainda que se fosse sua intenção, Bolsonaro poderia efetivar um eventual golpe de Estado removendo de suas funções os comandantes do Exército e da Marinha que, segundo as investigações, se recusaram a aderir a qualquer ação que impedisse a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
"É crível que as pessoas o abordassem com todo o tipo de proposta", reconheceu o advogado, questionado se seria crível que Bolsonaro não soubesse o que estaria ocorrendo nos palácios presidenciais.
"E é fato que ele não aderiu a elas, isso é fato", pontuou Cunha Bueno. "Ele não aderiu. Não aderiu nem a uma proposta de estado de defesa", acrescentou.
Relatório da Polícia Federal tornado público nesta semana aponta o envolvimento direto de Bolsonaro com a elaboração do planejamento de um golpe de Estado -- que incluiria o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, operação denominada pelos investigados de "punhal verde amarelo".
Para a PF, o agora ex-presidente tinha "pleno conhecimento" dos planos.
Segundo o advogado, caso fosse executado um plano de golpe, Bolsonaro não seria beneficiado, e sim um grupo de militares que iriam compor uma espécie de gabinete de crise.
"Quem seria beneficiado seria uma junta que seria criada após a ação, a operação punhal verde amarelo", disse Cunha Bueno.
Já o relatório da PF afirma que o comitê formado em grande parte por militares estaria subordinado a Bolsonaro.
"A investigação ainda descobriu que já havia uma minuta para
criação de um 'Gabinete Institucional de Gestão da Crise', que seria instituído pelo Gabinete de Segurança Institucional – GSI da Presidência da República, no dia 16 de dezembro de 2022, um dia após a consumação do golpe de Estado", diz relatório da Polícia Federal.
"O objetivo era assessorar o então presidente da República Jair Bolsonaro na administração dos fatos decorrentes da ruptura institucional. O general Augusto Heleno seria o chefe de gabinete, tendo como coordenador-geral o general Braga Netto", diz o relatório. Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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