dvfsPaulo Moura - 12/08/2025 11h51 | atualizado em 12/08/2025 14h38

Apesar de a repercussão mais intensa sobre o nome do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter se intensificado nos últimos anos, especialmente desde que ele assumiu a relatoria do chamado Inquérito das Fake News, a figura do magistrado não é nova no cenário político brasileiro e já esteve nas páginas de jornais por fatos que passam facilmente de duas décadas.
Ao leitor que não conhece esses ocorridos (ou que até mesmo não se lembra mais), o Pleno.News traz 13 fatos sobre a vida e trajetória da figura mais controversa da atual composição da Suprema Corte brasileira.
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Confira:
Em maio daquele ano, a empresa pediu aumento de preço, alegando encarecimento da ração usada para alimentar as aves. O pedido, no entanto, foi negado, e o contrato, consequentemente, foi rompido. A prefeitura então determinou que o fornecimento passaria a ser feito pela A D’Oro, que havia ficado em segundo lugar na licitação, ao propor o preço de R$ 1,73 o quilo.
A troca da Sadia pela A D’Oro, porém, ocorreu sem uma nova licitação e foi denunciada pelo então vereador Carlos Neder (PT), que pediu para o Ministério Público apurar o caso, suspeitando que haveria favorecimento às empresas da mulher e do cunhado do então prefeito Paulo Maluf na operação.
Mas, e Moraes? Como entra nessa história? Para quem não lembra, o atual ministro do STF foi um dos promotores responsáveis pelo caso na época. Sua atuação, por sinal, gerou revolta do então advogado de Paulo Maluf no caso, como destacado pelas páginas do jornal Folha de S.Paulo no dia 1° de novembro de 1997.
– O advogado do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), Ênnio Bastos de Barros, acusou o promotor Alexandre de Moraes, um dos responsáveis pelo inquérito do Frangogate, de ter agido incorretamente ao convocar uma entrevista para anunciar que havia encaminhado à Justiça uma ação de improbidade administrativa contra seu cliente – dizia um trecho do jornal.
Em 2015, Moraes ainda seria nomeado novamente por Alckmin para uma pasta do governo paulista, mas dessa vez na chefia da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, onde ficou até 2016, quando saiu para assumir o comando do Ministério da Justiça no governo de Michel Temer (MDB).
Durante sua gestão na Secretaria de Segurança paulista, Moraes se envolveu em algumas polêmicas por causa do uso da força da Polícia Militar na repressão de manifestações. Em janeiro de 2016, por exemplo, um protesto do Movimento Passe Livre contra aumento de tarifas foi reprimido de forma ostensiva. Foi sob sua gestão na secretaria que foram utilizados, pela primeira vez, blindados israelenses em manifestações.

O contexto das demissões foi originado em fevereiro de 2005, quando, em meio a denúncias de tortura de menores, onda da rebeliões e fugas de jovens das unidades da fundação, Moraes demitiu 1.751 monitores da Febem de uma vez só, sob a justificativa de que era necessário afastar a “banda podre” da instituição, cujo quadro era de cerca de 9 mil funcionários.
As demissões, porém, foram anuladas pela Justiça do Trabalho e cerca de 1,3 mil trabalhadores foram reintegrados aos poucos à instituição. O caso chegou até o STF, onde Moraes posteriormente se tornou ministro. O Supremo deu ganho de causa aos trabalhadores. Na sequência, uma avalanche de ações individuais e coletivas foram movidas contra a Febem cobrando salários atrasados, direitos trabalhistas e indenização.
Esse acúmulo da chefia de tantos órgão rendeu, à época, o apelido de Moraes como “supersecretário” na gestão de Gilberto Kassab. A junção das funções fazia com que o então secretário, sozinho, fosse responsável por tudo que envolvia trânsito, transporte público, limpeza e zeladoria urbana e serviços funerários. O orçamento, ao todo, era de R$ 5 bilhões anuais (quase R$ 12 bilhões corrigido pela inflação).
Em 2015, uma reportagem do jornal Estado de São Paulo apontou que Moraes constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da área civil da Transcooper, que era uma das associações presentes em uma investigação que trilhava movimentações de lavagem de dinheiro e corrupção engendrado pela organização criminosa PCC.
Na época, o hoje ministro do STF disse que “renunciou a todos os processos que atuava como um dos sócios do escritório de advocacia” e que estava de licença da OAB durante o período investigado.
Na pasta, Moraes enfrentou uma gestão tumultuada que compreendeu o período das Olimpíadas do Rio, em 2016, e também uma grave crise prisional causada por uma rebelião em Manaus (AM), em 2017, que resultou na morte de 56 presos e na fuga de mais de 100 detentos, e por outra em Roraima. Na época, ele deu uma série de declarações atrapalhadas que o deixaram na berlinda para sair do cargo.

Anos depois, porém, o próprio Moraes, já no STF, deu um dos votos pela descriminalização do porte de maconha. O ministro indicou, em 2023, a necessidade de se estabelecer um critério para diferenciar o uso pessoal do tráfico.
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